brasília

Aliados de Bolsonaro veem "demissão" de Carlos como "birra"

Partido não foi avisado previamente da ruptura e, até o momento, não tem um plano pronto para que as redes sociais do ex-presidente passem para uma nova administração.

Carlos BolsonaroCarlos Bolsonaro - Foto: Renan Olaz/CMRJ

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apostam que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) seguirá à frente das redes sociais do pai. Neste domingo, Carlos anunciou que deixaria a administração dos perfis e afirmou que a decisão foi tomada pensando numa nova fase da sua vida. Três membros do alto clero do PL, que também mantêm diálogos com a família Bolsonaro, afirmam que o partido não foi avisado previamente da ruptura e que ainda não há um plano pronto para que as redes sociais do ex-presidente passem para uma nova administração. Isso porque a aposta é que trata-se de mais uma "briga pontual" do vereador com integrantes da equipe que trabalham para a família Bolsonaro.

Sob a condição de reserva, um dirigente do PL diz que até mesmo Bolsonaro foi surpreendido pela postagem de Carlos. Segundo esse cacique da legenda, quem conhece a relação entre pai e filho sabe que será resolvida em breve.

Não é a primeira vez que Carlos entra em atrito com outros auxiliares do pai. Já no primeiro ano de governo do pai, em 2019, Carlos provocou uma crise no Planalto ao chamar de mentiroso o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno. Aliado de primeira hora de Bolsonaro, ele viria a ser demitido do GSI após o caso. Em 2020, Bebianno morreu após ter um infarto.

Outro alvo constante de ataques de Carlos foi o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro. Ele chegou a acusar-lo de traição e de atuar contra o então presidente. Recentemente, ele xingou o agora senador após um pronunciamento onde Mourão criticou "lideranças que deveriam tranquilizar a nação", mas contribuíram para um clima de caos. “Nenhuma novidade vinda desse que sempre disse que era um Bosta!”, postou o vereador.

O filho “02”de Bolsonaro tem uma relação turbulenta e cheia de rusgas com a ex-primeira-dama, Michelle. Após a derrota para Lula na eleição, Carlos, que maneja as contas do pai, deu unfollow em Michelle nas contas de Bolsonaro. Ao longo da campanha, a relação que j[a era ruim piorou. Às vésperas do debate da TV Globo, e Carlos estava com o pai no Palácio da Alvorada numa reunião. A primeira-dama exigiu que ele deixasse a residência oficial e ele foi embora.

O filho do ex-presidente Bolsonaro usou por diversas vezes suas redes para publicar textos em tom enigmático e com mensagens golpistas. Em uma dessas postagens ele escreveu que “por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá”.

A postagem enigmática
Em um texto com tom de "desabafo" publicado neste domingo, Carlos desabafou. Apontado pelo próprio ex-presidente como um dos principais responsáveis por sua chegada ao Palácio do Planalto, ele reclamou de um suposto tratamento que recebia, sem entrar em detalhes. Afirmou "ser tratado de modo que nem um rato mereceria" e que não acredita "mais no que me trouxe até aqui".

“Após mais de uma década à frente e ter criado as redes sociais de @jairbolsonaro, informo que muito em breve chegará o fim deste ciclo de vida VOLUNTARIADO. Pessoas ruins se dizem as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade e isso não é excessão (sic) aqui”, anunciou, nas redes.

"Difícil ficar sozinho anos e ser tratado de modo que nem um rato mereceria. Anos de muita satisfação pessoal e tenho certeza que de muita valia para pessoas boas e também às mais ingratas e sonsas", completou.

Antes das eleições de 2018, Carlos já detinha a senha do Twitter de Bolsonaro, rede social em que o presidente é mais ativo e por meio da qual propagou a maior parte da narrativa que ajudou a elegê-lo chefe do Executivo federal. Ele administrou essa conta e outras plataformas do pai, como o Instagram e o Facebook, nos últimos anos.

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