Aliados e ministros de Lula reprovam fala sobre Moro: "contraproducente" e "escorregada"
Reservadamente, petistas demonstraram perplexidade com ataques ao senador do União Brasil
Aliados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitem em conversas privadas que o novo ataque ao senador Sérgio Moro (União-PR), além de ser "contraproducente", foi mais uma "escorregada". Entre ministros do Palácio do Planalto e petistas, houve perplexidade com o fato de Lula atribuir uma ação da Polícia Federal (PF), que investigava um plano de assassinato contra o ex-juiz, a uma "armação" do próprio Moro.
Enquanto visitava as instalações do Complexo Naval de Itaguaí, no Rio, o presidente da República dinamitou a narrativa do governo de que a operação da PF era um sinal de que a corporação atuava de forma "republicana" e "impessoal".
Agora, aliados do presidente ainda estudam se devem mexer novamente no tema ou se deixarão o assunto morrer. Em público, após o constrangimento, os ministros resolveram adotar o silêncio.
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No dia anterior, tanto o ministro da Justiça, Flávio Dino, quanto o da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, fizeram questão de dizer que a operação significava o fim da politização da PF.
Um dos ministros ouvidos pelo Globo considerou a postura "totalmente" contraproducente. Nesta quinta-feira, ao sair de uma reunião no palácio, outro petista demonstrou estranheza: "Ou sabe de algo muito grave, ou escorregou mais uma vez".
Aliados de Lula consideram que durante entrevista ao portal "Brasil 247", em que admitiu ter pensando em vingança contra o ex-juiz quando estava na cadeia, Lula já havia cometido um erro. Segundo aliados do presidente, Moro passou ficar sob os holofotes de forma desnecessária.
Antes do novo ataque de Lula, petistas tentavam engajar aliados nas redes sociais com discurso incompatível com a postura de Lula.
"A PF de Lula salvou a vida de Moro. E essa operação prova por A mais B que Lula governa para todos. FIZ O L PRA ISSO!", escreveu o senador Humberto Costa (PT-PE).
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, endossou comentário sobre o "governo Lula" ter realizado operação para prender criminosos que tinham Moro como alvo.
"Juiz parcial, que não se importou com o ódio que alimentou com a Lava Jato, tem aula de civilidade e democracia do governo Lula", escreveu Gleisi.