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SÃO PAULO

Alvo de críticas no entorno de Lula, Macêdo diz que não é "papel do governo mobilizar atos"

Presidente disse que ato do Dia do Trabalhador foi "mal convocado"

Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo  - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Alvo de críticas no entorno de Lula após um ato esvaziado no Dia do Trabalhador, em São Paulo, o ministro Márcio Macêdo afirmou que as centrais sindicais são "autônomas" e que não é função do Executivo fazer essa convocação.

De acordo com os cálculos do grupo de pesquisa "Monitor do debate político", da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, o evento reuniu 1.635 pessoas. A margem de erro do cálculo é de 12%, para mais ou para menos.

"Não é papel do governo mobilizar atos das centrais sindicais ou dos movimentos sociais. Vamos continuar fazendo o nosso trabalho de participação e diálogos sociais com os movimentos e a sociedade" disse Macêdo ao Globo.

A bronca dada por Lula durante o ato reacendeu uma série de críticas à atuação dele à frente do ministério. Um dos auxiliares mais próximos do presidente, Macêdo, no entanto, resiste em rever sua relação com movimentos sociais e assume uma postura de que não cabe ao governo interferir nas decisões das entidades.

Petistas avaliam que Macêdo tem uma atuação apagada em uma pasta que, em outros governos petistas, tinha papel mais expressivo na formulação de políticas. Nos primeiros dois mandatos de Lula, a cadeira foi ocupada por Luiz Dulci, aliado histórico e um dos fundadores do PT. Críticos ao ministro atribuem o baixo público no ato de quarta-feira à desorganização de Macêdo junto aos movimentos. Uma comparação feita foi a mobilização obtida pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva, que reuniu mais gente na praça central da cidade no evento que organizou para o Dia do Trabalhador.

Pessoas próximas a Lula concordam que há um desgaste na relação, mas não suficiente para uma substituição. O argumento é que Macêdo possui um "crédito elevado" com Lula. É um nome de confiança a ponto de ter comandado as finanças da campanha de 2022 e é hoje um dos auxiliares mais próximos a ele e à primeira-dama, Janja da Silva.

Líder do movimento estudantil nos anos 1990, Macêdo é considerado um quadro relevante da burocracia partidária, que ganhou a confiança de Lula quando organizou as caravanas pelo país antes de o presidente ser preso em abril de 2018. Agora, entendem que há um “desencontro de expectativas” entre o que se esperava de Macêdo no cargo e a capacidade do ministério, que sempre articulou os movimentos que eram estratégicos para o governo.

É a segunda vez que Lula reclama publicamente do ministro. Em dezembro, no Natal dos Catadores em São Paulo, o presidente pediu "menos discurso e mais entrega" a Macêdo e cobrou que o ministro e os catadores tivessem uma pauta de reivindicações. Na quarta, Lula reclamou de falta de “esforço necessário” para levar pessoas ao ato:

"Macêdo) é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pensem que vai ficar assim. Ontem (terça-feira), eu disse para o Márcio que o ato está mal convocado. Não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar" afirmou Lula, diante de uma plateia esvaziada.

O ministro afirma que Lula comentou com ele sobre a percepção de que os movimentos estavam pouco mobilizados para o 1º de maio. Macêdo diz que entendeu a fala de quarta como um comentário que já havia sido feito de forma particular e não como cobrança.

Faltando poucos dias para o ato, o ministro chegou a ligar para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para ver como estava a mobilização para o evento. Internamente, petistas criticaram Macêdo e afirmam que ele ligou para Boulos para pedir ajuda quando já havia identificado que haveria baixo público no evento.

Coordenador do núcleo agrário da bancada do PT na Câmara, o deputado João Daniel (PT-SE) critica a relação do governo com movimentos sociais. Segundo ele, o Planalto precisa passar a apresentar ações práticas:

"Lula pessoalmente tem boa relação. Tem muita moral com movimento popular e sindical, mas boa parte do governo dele tem dificuldade. O ministro Macêdo faz um esforço, mas não tem uma relação histórica com os movimentos e dificuldade de interpretar e cuidar da pauta dos movimentos. O problema é que diálogo tem certo limite. Ele está há um ano e quatro meses só dialogando, precisa começar a ter ações práticas."

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