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BRASIL

Alvos de operação sobre desvio de emenda discutiam como lavar dinheiro

Verba foi indicada pelo deputado federal Afonso Motta (PDT-RS). Esquema de desvio de recurso destinado a hospital envolvia pagamento de 6% sobre valor captado

PF faz operação contra desvio de emenda parlamentar no Rio Grande do Sul PF faz operação contra desvio de emenda parlamentar no Rio Grande do Sul  - Foto: PF/Reprodução

Alvos da operação realizada nesta quinta-feira contra desvio de emenda parlamentar indicada para um hospital no Rio Grande do Sul conversavam sobre maneiras de lavar o dinheiro obtido no esquema. A ação envolvia um contrato prevendo o pagamento de 6% de "comissão" como contrapartida ao responsável pela captação do recurso público.

As emendas foram repassadas pelo deputado Afonso Motta (PDT-RS), que não é alvo de buscas. Um de seus assessores, no entanto, é alvo. Mensagens encontradas no celular de um lobista foi o ponto de partida da investigação. Além de conversar com o assessor do deputado sobre as emendas e pagamentos, ele conversava também com pessoas ligadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul.

 

Em um dos diálogos, de março do ano passado, uma dessas pessoas pede auxílio ao lobista sobre como seria a melhor forma de proceder com relação a lavagem do dinheiro. Conforme investigação, ele comenta que o salário é menor do que o ganho real (que inclui a porcentagem das captações de emenda) e diz que “ficaria igual meio suspeito” viver apenas com “dinheiro vivo”.

Este mesmo homem diz que tem interesse em adquirir um terreno, mas que não sabe como declarar o bem. Segundo a PF, o restante do diálogo sugere que "uma das possibilidades para 'lavagem' de valores seria por meio da emissão de Notas Fiscais". A investigação identificou notas fiscais que somam R$ 509,4 mil emitidas pelo lobista com os valores obtidos a partir da captação de emendas parlamentares.

Um contrato obtido pela polícia dizia que "em contrapartida aos serviços prestados, o contratado receberá 6% (seis por cento) sobre o valor por ele comprovadamente captado, que serão pagos em até 30 dias após o recebimento do valor pela contratante, através de depósito bancário em conta jurídica informada pelo contratado, mediante apresentação da correspondente nota fiscal".

Onze mandados de busca e apreensão e dois de busca pessoal foram cumpridos em Brasília e em cinco cidades do Rio Grande do Sul. Policiais já apreenderam mais de R$ 350 mil com os alvos e encontraram dois celulares no forro de um escritório. A operação foi determinada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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