POSICIONAMENTO

''América Latina não consegue superar atraso de intervenções militares'', diz Barroso sobre Bolívia

Lula afirmou desejar que a 'democracia prevaleça'; presidente boliviano denunciou 'mobilizações irregulares de tanques'

Luís Roberto BarrosoLuís Roberto Barroso - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou nesta quarta-feira a tentativa de golpe militar em andamento na Bolívia.

— É uma pena que a América Latina não consiga superar os ciclos do atraso de intervenções militares — afirmou Barroso.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é "um amante da democracia", que deseja que "a democracia prevaleça na América Latina, e que '"golpe nunca deu certo".

— Pedi para o meu ministro entrar em contato pra ele ter certeza porque a gente não pode ficar anunciando coisa que depois não acontece. Eu quero informações, eu pedi para o ministro Mauro ligar para a Bolívia, ligar para o presidente, ligar para o embaixador brasileiro para gente ter certeza para ter uma posição — afirmou.

Minutos depois de o presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciar "mobilizações irregulares" de tropas militares nos arredores do palácio presidencial, no que depois se revelou ser um golpe contra seu governo, países da América Latina e a Organização dos Estados Americanos saíram em defesa das lideranças bolivianas, e exigiram respeito aos valores democráticos.

Outros posicionamentos
"A Secretaria-Geral da OEA condena veementemente os acontecimentos na Bolívia . O Exército deve submeter-se ao poder civil legitimamente eleito. Enviamos nossa solidariedade ao Presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora, ao seu governo e a todo o povo boliviano", escreveu no X, o antigo Twitter, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro. "A comunidade internacional, a OEA e a Secretaria-Geral não tolerarão qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolivia ou em qualquer outro lugar."

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, anfitrião da reunião da OEA, em Assunção, disse condenar "as mobilizações irregulares do exército boliviano denunciadas pelo presidente Luis Arce", e fez um "forte apelo ao respeito pela democracia e pelo Estado de direito", em declarações no X.

Preocupação com a democracia
Gabriel Boric, presidente do Chile, expressou a "preocupação pela situação na Bolívia", e destacou o "apoio à democracia no nosso país irmão e ao governo legítimo de Luis Arce".

"Condenamos veementemente a inaceitável ação de força por parte de um sector do Exército daquele país. Não podemos tolerar qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar", concluiu o líder chileno.

Em comunicado, a Chancelaria do Equador disse "lamentar os ocorridos na Bolívia", e que o país "faz votos pela vigência da democracia, do Estado de direito, e pelo respeito à ordem constitucional estabelecida".

"Confiamos em uma saída pacífica a esta grave situação. Reiteramos nossa solidariedade ao povo boliviano", conclui o breve comunicado.

O presidente de Cuba, Miguel-Diáz Canel, disse no X que a "indignação contra a democracia e o povo boliviano mostrada nas imagens da mídia internacional esta tarde na Bolívia é ultrajante", e afirmou repudiar "a tentativa de golpe de Estado em curso", prestando "toda a solidariedade do Governo e do povo cubano ao irmão Luis Arce".

As críticas vieram também veio da União Europeia (UE), Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco, disse no X que a UE "condena qualquer tentativa de perturbar a ordem constitucional na Bolívia, e de derrubar governos democraticamente eleitos, e manifesta a sua solidariedade para com o governo e o povo bolivianos".

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