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Americanas recebe injeção de capital bilionária, enquanto ex-diretores seguem na mira da PF

Maior acionista individual da varejista será diluído de 12,5% para menos de 1% das ações. Trio fundador chegará a 49,2%

AmericanasAmericanas - Foto: Reprodução

O Conselho de Administração da Americanas aprovou nesta quinta-feira o aumento de capital da companhia. O aval do colegiado abre uma nova fase na empresa, com a redução das dívidas e uma maior liquidez na Bolsa de Valores. A operação alcançou R$ 24,460 bilhões com uma emissão total de 18,815 bilhões de ações, de acordo com a varejista.

A companhia está em recuperação judicial desde o início do ano passado, quando foi revelada uma fraude contábil superior a R$ 25 bilhões. Mas, apesar da operação financeira ter contado com o aval dos credores, os desafios continuam no radar da empresa, já que a ex-diretoria segue sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF).

Com o aumento de capital, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que até então eram classificados como acionistas de referência, vai injetar R$ 7 bilhões em dinheiro na varejista para o pagamento de credores e dívidas trabalhistas. Com o aporte, eles passarão dos atuais 30,12% para 49,2% do capital social, tornando-se os controladores da empresa.

Ao todo, o aumento de capital da Americanas teve um aporte de cerca de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência. Desse total, R$ 5 bilhões já foram investidos na companhia. Em paralelo, os credores (os bancos) também vão converter R$ 12 bilhões em dívidas em ações da empresa. Com isso, passarão a deter 47,6% da companhia.

O maior acionista minoritário, Inácio de Barros Melo Neto, que hoje possui 113 milhões de ações e uma fatia de 12,5% na empresa, teve sua participação reduzida para menos de 1% do total. Assim, os minoritários terão, ao todo, 3,2% dos papéis.

Embora a empresa consiga reduzir suas dívidas com o aumento de capital, ela continuará em processo de recuperação judicial. Isso porque ainda está em curso uma série de medidas previstas no plano, como a venda de ativos para reforçar o caixa.

Com os recursos do aumento de capital, a empresa efetuará os pagamentos aos credores em geral e reduzirá sua dívida total de R$ 42 bilhões para R$ 1,875 bilhão, valor referente à emissão de debêntures. Os papéis serão negociados a partir de amanhã na B3. No próximo mês, os papéis ainda passarão por um agrupamento na proporção de 100 para 1 na Bolsa.

Segundo fontes do setor, a operação financeira vai permitir que a atual gestão foque seus trabalhos na recuperação da companhia, que vem enfrentando concorrência cada vez maior no setor. Recentemente, a empresa anunciou o fim das marcas Submarino e Shoptime.

Além disso, fontes lembram que a Americanas ainda aguarda os desdobramentos das investigações de CVM, PF e MPF. Recentemente, o Comitê de Auditoria Independente concluiu sua investigação interna e encaminhou o parecer para as autoridades. Segundo a varejista, as evidências confirmam a existência de fraude contábil, caracterizada principalmente por lançamentos indevidos na conta de fornecedores por meio de contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) e por operações financeiras conhecidas como “risco sacado”.

No último dia 17 de julho, o MPF pediu a extradição do ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, da Espanha para o Brasil. A solicitação foi feita à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro na noite da última quarta-feira, dia 10 de julho.

No fim de junho, a PF e o MPF deflagraram a operação Disclosure contra ex-executivos da Americanas. O objetivo era cumprir mandados de prisão contra o ex-CEO da varejista e a ex-diretora Anna Saicali. Ambos estavam no exterior.

A operação foi baseada nas delações premiadas dos ex-executivos da varejista Marcelo da Silva Nunes, que foi diretor financeiro, e Flávia Carneiro, que foi diretora de controladoria. Os dois tiveram participação direta nas fraudes e, depois de fecharem acordo com a PF e o MPF, forneceram cópias de e-mails, mensagens de celular e documentos que indicam a fraude que levou a empresa a entrar em recuperação judicial.

Segundo fontes, os investigadores preparam nova operação para apurar lavagem de dinheiro. Enquanto isso, o Conselho de Administração pediu que a diretoria avalie as medidas a serem adotadas para ressarcir os prejuízos decorrentes da fraude.

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