Declarações

Amorim diz que "não tem cabimento" cobrança de chanceler de Israel por desculpas de Lula

Segundo assessor internacional de Lula, a nota escrita pelo chanceler israelense não deveria sequer ser lida

O assessor especial da Presidência, Celso AmorimO assessor especial da Presidência, Celso Amorim - Foto: Ludovic Marin/AFP

O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou, ao Globo que “não tem cabimento” as declarações do chanceler israelense, Israel Katz, em uma rede social nesta terça-feira insistindo com um pedido de desculpas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos judeus. Segundo Amorim, que foi chanceler de Lula e é o principal assessor do presidente para assuntos internacionais hoje, a nota de Katz sequer deveria ser lida.

— No meu tempo de jovem, em que os documentos eram escritos, uma nota dessas era devolvida. Não devia sequer ser lida. Não tem cabimento nenhum — disse Amorim ao Globo.

Ao emitir sua opinião, o assessor especial de Lula indicou que a possibilidade de um pedido de perdão é praticamente para Lula. Amorim também demonstrou que as manifestações, nesta terça-feira, da chancelaria israelense aumentaram ainda mais o nível de irritação do governo brasileiro.

Brasil e Israel protagonizam uma crise diplomática, que começou no último domingo, quando Lula comparou as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao Holocausto — que causou o extermínio de cerca de seis milhões de judeu pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A fala do presidente foi chamada de "vergonhosa" pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Na segunda-feira, o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, foi convocado para uma reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém. Ao lado de Meyer, o chanceler israelense fez uma declaração à imprensa em hebraico, após o encontro, sem direito a intérprete.

— Foi dado um tratamento ultrajante ao nosso embaixador — afirmou Amorim nesta terça.

O episódio levou o chanceler Mauro Vieira a chamar Meyer de volta ao Brasil, em uma demonstração de que o governo brasileiro estava insatisfeito com o tratamento dado ao diplomata.

Vieira também convocou o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para uma reunião no Rio, para expressar seu descontentamento e dizer que o que ocorreu no Museu do Holocausto foi "inaceitável".

Nesta terça-feira, o chanceler israelense, Israel Katz, voltou a cobrar um pedido de perdão de Lula. Em uma rede social, afirmou que a fala do presidente brasileiro foi "promíscua, delirante", disse que era uma "vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros" e reiterou que Lula "continuará sendo persona non grata em Israel" até que peça desculpas.

Em seguida, na mesma rede, o perfil oficial do Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou Lula de negar o Holocausto, marcado pela matança de cerca de seis milhões de judeus. Ao comentar uma outra publicação, que perguntava: "O que vem à cabeça quando você pensa no Brasil", a chancelaria israelense comentou: "Antes ou depois de Lula negar o Holocausto?".

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