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EX-PRESIDENTE

Anistia no Congresso, trama golpista, candidatos: 6 recados de Bolsonaro após a vitória de Trump

Ex-presidente revelou como o PL vem tentando ampliar influência na Câmara e no Senado

Jair Bolsonaro, ex-presidente do BrasilJair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Foto: Isac Nóbrega/PR

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O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista ao Globo que vê a possibilidade de o Congresso aprovar uma anistia que reverta a sua inelegibilidade até 2030 por disseminar informações falsas sobre as urnas eletrônicas.

Ele também negou que tenha participado de uma tentativa de ruptura democrática e conta que o seu entorno debateu “remédios constitucionais” para “buscar uma maneira de questionar o processo eleitoral”.

O ex-presidente evitou apontar qual nome deve apoiar para 2026, caso continue impedido de disputar as eleições e revelou o desejo de participar da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump

Veja os principais pontos da entrevista.

Anistia no Congresso
Bolsonaro afirmou que enxerga caminho no Congresso para aprovar um projeto que reverta sua inelegibilidade, que foi determinada até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por participar de uma reunião com embaixadores em que disseminou informações falsas sobre as urnas eletrônicas.

— O Congresso pode (reverter a inelegibilidade). É o caminho para quase tudo. O Poder mais importante é o Legislativo. Depois, o Executivo... O Congresso é o Poder mais importante. Ninguém votou em pessoal do Supremo. Ninguém votou em ministro da República. O Poder mais importante é o do Congresso. A Constituição que entende dessa maneira. O Poder Judiciário é para dirimir conflitos — disse Bolsonaro. — O Congresso anistiou gente que botou bomba no quartel, gente que matou gente, que sequestrou, que matou autoridades internacionais, ladrão de banco. Todo mundo se anistia lá.

Eleição em 2026
Bolsonaro afastou a hipótese de declarar apoio a um candidato da direita para 2026 e disse que só não será candidato se "morrer". Com o ex-presidente inelegível, aliados citam os governadores Tarcísio Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr. (Paraná) como alternativas para o próximo pleito.

— Eu não vou citar o nome agora. O candidato sou eu. Se pegar qualquer candidato da direita, cada um tem a sua qualidade e defeito. Mas o que é uma campanha presidencial? É preciso ter uma aceitação no Brasil todo. Se lá na frente tiver um problema, se eu infartar hoje, morrer hoje, vão buscar alguém parecido comigo. Tem alguém parecido no momento? Até eu morrer, sou eu o candidato.

Trama golpista
Alvo da Polícia Federal por suposta participação na trama golpista após a eleição de 2022, Bolsonaro negou que tenha, ao lado de aliados, orquestrado uma ruptura institucional. Segundo ele, foram discutidos "remédios constitucionais" para solucionar conflitos entre Poderes — a gestão viveu uma relação conturbada com o Judiciário.

— Eu não estava aqui no 8 de Janeiro. Eu estava fora. Se eu estivesse no Brasil, acho que estaria complicada a situação, né? Porque iriam me culpar. O Cid que diga quem foi que preparou [a minuta golpista]. Eu sempre fui contra qualquer tipo de ruptura institucional. Não foi dado nenhum passo nesse sentido. Discutir a Constituição passou a ser crime? — disse Bolsonaro.

De acordo com o ex-mandatário, não havia sequer condição de planejar um golpe, já que havia sido derrotado pelo presidente Lula nas urnas e estava enfraquecido politicamente.

— Você não vai [dar um golpe] depois que o TSE anunciou o resultado. Ninguém vai contigo. Quando o chefe do Executivo não é reeleito, 80% dos seus ministros desaparecem. Somente 10% está contigo e outros 10% ficam em cima do muro. Não tem como fazer mais nada. Se convidar para um churrasco, de 23 ministros vão aparecer três, pô. Como vou dar um golpe num clima desse?

Sucessão no Congresso
Bolsonaro afirmou que os apoios às candidaturas de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e de Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado, mesmos nomes escolhidos pelo PT, têm o objetivo de conquistar espaço na Mesa Diretora e no comando de comissões das duas Casas.

— Se o meu partido quiser convocar um ministro hoje, não pode convocar porque não tem ninguém presidindo comissão (no Senado). Vamos ter a primeira vice-presidência do Senado ou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). São dois postos-chave importantíssimos. Vamos deixar de ser zumbis dentro do Senado.

Essa nova configuração também é importante para o planejamento do campo bolsonarista, que está direcionando esforços para lançar candidaturas competitivas no Senado e fortalecer a bancada. A Casa é responsável, por exemplo, por analisar pedidos de impeachment de ministros do STF.

— Qualquer coisa (podemos ter influência para pautar). Estando na Mesa [Diretora], podemos receber pedido de ajuda e pedir ajuda. Isso é política. E eu acredito que vamos fazer uma enorme bancada de senadores da direita em 2026. Com um Senado independente e forte, ninguém vai sair fora da casinha.

Posse de Trump
O ex-presidente disse que deve ser convidado para a posse de Trump e que vai pedir autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para viajar. Ele teve o passaporte retido no curso do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O plano do ex-presidente é apresentar uma petição ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e aguardar o aval para a posse, que acontecerá em 20 de janeiro de 2025.

Futuro do PL
Bolsonaro também se queixou da falta de comunicação com o presidente do Pl, Valdemar Costa Neto — os dois estão impedidos de manter contato, por decisão judicial. No mês passado, o partido enfrentou um vaivém nas discussões sobre a presidência da sigla. Ao final, Valdemar decidiu permanecer no posto.

— Quando vi na imprensa que o Valdemar iria passar o PL para o Eduardo [Bolsonaro], perguntei: “Eduardo, que trem é esse?”. Ele falou: “Estou sabendo agora também”. Eu não posso falar com o Valdemar. Pedi para perguntar para ele se procedia. No dia seguinte, disseram que sim. Eduardo falou que não se interessava por vários motivos, porque é uma dor de cabeça enorme. Então, daí o próprio Valdemar falou que seria o senador (Rogério) Marinho, que também falou que não queria. Depois, o Valdemar falou que jamais deixaria a presidência do partido. Puta que pariu, não entendi porra nenhuma — reclamou Bolsonaro.

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