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Eleições 2022

Apoio do PL a partidos de esquerda pode ter levado Bolsonaro a adiar filiação à legenda

Bolsonaro resiste que a legenda apoie a candidatura ao governo de SP do atual vice-governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB)

Presidente Jair BolsonaroPresidente Jair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sa / AFP

O adiamento da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, decidido na madrugada deste domingo, tem como um dos focos de divergência as alianças regionais, principalmente em estados onde há acordos com legendas de oposição ao governo, como o PT. Bolsonaro também resiste que a legenda apoie a candidatura ao governo de SP do atual vice-governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), e cobra uma "outra solução" do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), disse em entrevista ao portal R7, durante viagem a Dubai, que um dos episódios que geraram maior incômodo foi uma nota do PL que autoriza as executivas a apoiarem oficialmente alguns partidos que a família Bolsonaro considera "impossíveis".

"Algumas coisas incomodaram um pouco o presidente, como uma nota oficial do PL autorizando executivas de alguns estados a apoiarem alguns partidos que são, no nosso ponto de vista, impossíveis de estarem conosco, como o PT, por exemplo", disse Flávio.

Segundo ele, o PL também precisa fazer "algumas concessões com relação a suas bancadas em alguns estados que são sustentação de partidos de esquerda". Ele rejeita a possibilidade de alianças com siglas como PT, PDT, PSOL e Rede.

"Certamente o nosso eleitor não entenderia o partido do presidente, o PL, apoiando um candidato a governador de um estado como Pernambuco, por exemplo. É importante que isso fique claro", reforçou o senador, acrescentando que os problemas são "facilmente contornáveis" se o apoio for individual, sem aval da legenda.

Há dois dias, Valdemar Costa Neto divulgou uma nota oficial na qual reiterou a autonomia do presidente do PL de Pernambuco, Anderson Ferreira, para a escolha dos nomes que constarão na chapa de candidatos majoritários e proporcionais das próximas eleições do estado. Ferreira tem participado de ações com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).

A nota ainda garante que as decisões tomadas pela direção da legenda em Pernambuco contam com "pleno apoio da direção nacional do partido".

O deputado Capitão Augusto (PL-SP) confirmou ao Globo que há "questões complexas" que envolvem candidaturas regionais, citando como exemplo de divergência a possibilidade de o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disputar o governo de São Paulo, como desejava Bolsonaro inicialmente.

Nesse caso, foi costurado internamente um acordo para que Tarcísio possa disputar uma vaga ao Senado pelo estado de Goiás. Mas, ainda assim, integrantes do PL afirmam que o presidente não concorda com o apoio a um candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, sigla do governador João Doria, adversário de Bolsonaro.

"Tem a questão de abrigar os próprios candidatos que o Bolsonaro pretende estar lançando no Senado ou para governador... Mas eu não tenho dúvida que ele vai fechar com o PL que é o melhor partido que ele pode ter para disputar a reeleição. Ele não vai correr o risco de perder um partido do porte do PL, é só questão de ajuste fino mesmo", disse Augusto. E acrescentou: "Você lança essa disposição que ele tem, de filiar ao PL, aí regionalmente vai aparecendo problemas. Ontem perceberam que precisam sentar de novo para reajustar. Serão várias rodadas de negociação até estar bem certo. Assim que é feito".

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) também afirmou que o empecilho está "principalmente em São Paulo". De acordo com o parlamentar, o presidente da República "insiste em outra solução" nesse caso.

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