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Entrevista

Apoio do PSOL ao novo arcabouço fiscal não está fechado, diz Boulos

Após divulgação de conversa, deputado refutou ainda a possibilidade de ter o apresentador José Luiz Datena (PDT) como seu vice em candidatura em 2024

Guilherme Boulos Guilherme Boulos  - Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

Uma das lideranças do PSOL mais próximas do presidente Lula, o deputado Guilherme Boulos (SP) afirma que seu partido ainda tem ressalvas ao novo arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deve chegar hoje ao Congresso Nacional.

Apesar disso, ele diz que o papel da sigla nesta legislatura é o de compor a base do governo. Pré-candidato à prefeitura de São Paulo no ano que vem, Boulos refuta a possibilidade de ter o apresentador José Luiz Datena (PDT) como seu vice. De olho no apoio do PT, afirma que o posto caberá a um indicado pelo partido.

Qual é o papel do PSOL nesta legislatura?
 

O PSOL é base de apoio do governo Lula e o ajudou a se eleger para derrotar o pesadelo que vivemos com o bolsonarismo. Com Lula, foi eleito um programa de governo e o PSOL se compromete a garantir que o mesmo seja efetuado. Vamos buscar puxar a agenda do país para a esquerda e garantir uma reforma tributária progressiva e uma mudança na política de preços da Petrobras. Como está escrito no programa de governo que elegeu o Lula, queremos o aumento dos investimentos para reduzir as desigualdades no Brasil e combater a fome.

O PSOL vai apoiar o novo arcabouço fiscal proposto pelo ministro Haddad?
Isto não está certo. O arcabouço nem chegou. Nós vamos esperar o texto chegar no Congresso. Eu tenho muito receio de se criar uma amarra para o crescimento econômico e para os investimentos públicos. Ainda vamos debater esses pontos. Vários deputados do PT, que é o partido do presidente, têm críticas ao arcabouço. Temos críticas para buscar melhorar os problemas na Câmara, sim. Isso não é incompatível com a composição da base do governo.

O senhor vai ter o Datena como vice, como ele sugeriu naquele vídeo vazado?
Sigo com o compromisso de que o PT indicará o meu vice. É o maior partido do país, sempre teve candidato em São Paulo, este acordo é natural. Em relação ao PDT, que é o partido do Datena, eu tenho sim, conversado com o Carlos Lupi (presidente nacional da legenda) e espero ter o partido em nossa aliança. Evito mencionar este fato por respeito à pré-candidatura do Datena, assim como em relação ao PSB, que anunciou a pré-candidatura da Tabata Amaral. Sobre o vídeo, eu só tenho a lamentar este vazamento. Não era uma declaração pública.

Já sentou para conversar com o Jilmar Tatto (PT-SP), que disse não haver qualquer acordo para apoiar o senhor?
Já conversamos e o Jilmar colocou a pauta do transporte, da tarifa zero, que ele vem defendendo. Eu vou fazer todos os gestos possíveis para que todos os setores do PT estejam juntos nessa construção.

Quem o senhor acredita ser seu maior adversário na disputa? O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ou um nome do PL, como o Ricardo Salles?
Eu prefiro olhar para a cidade e para as pessoas. É lixo para todo lado, crateras em todas as ruas e a população de rua é tratada como se não fosse gente. E o pior é que não falta dinheiro. São Paulo, lamentavelmente, parou no tempo. O prefeito não tem projeto de cidade, não consegue nem tapar buracos. Ricardo Nunes apoiou Bolsonaro, mesmo sem ser um bolsonarista raiz. Não vejo os bolsonaristas o abraçando. Por isso, acho difícil que os dois se juntem contra a minha candidatura.

O PSOL tem uma estratégia traçada para aumentar o número de prefeitos pelo Brasil no ano que vem?
Teremos candidaturas como o Edmilson Rodrigues, que busca a reeleição em Belém, a minha em São Paulo, e teremos representatividade no interior. No Rio, ainda debatemos se o candidato será o Tarcísio Motta ou a Renata Souza, dois quadros excelentes. As eleições de 2024 terão um aspecto nacional muito forte, queremos combater o bolsonarismo. Teremos uma prévia para 2026 e uma continuidade de 2022. Seguimos na mesma batalha.

O PSOL não apoiou a candidatura de Arthur Lira à presidência da Casa e com isso perdeu espaços. Acha que o partido poderia ter adotado uma posição mais pragmática?
De forma alguma. Presidimos a Comissão de Povos Originários. Não apoiamos o Lira pelo fato dele ter dado governabilidade ao Bolsonaro e o apoiado nessas eleições. Faríamos esta opção novamente.

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