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PRESIDÊNCIA

Após cirurgia na cabeça, Lula retorna a Brasília para enfrentar desafios econômicos

Lula se dirigiu diretamente ao Aeroporto de Congonhas após realizar a tomografia e chegou à residência oficial em Brasília no início da tarde, informou a Presidência da República à AFP

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Pouco mais de uma semana após passar por uma cirurgia para tratar uma hemorragia perto do cérebro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou a Brasília, nesta quinta-feira (19), no momento em que seu governo enfrenta um desafio econômico devido à desvalorização do real frente ao dólar.

Na madrugada de 10 de dezembro, Lula, de 79 anos, foi transferido com urgência para São Paulo e operado para drenar um hematoma intracraniano, resultado de uma pancada na cabeça sofrida em outubro.

Após deixar no domingo o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado, o presidente recebeu, nesta quinta, o aval de seus médicos para retornar à capital, após ser submetido a uma tomografia pela manhã.

"Foi extremamente satisfatório, ele está bem", disse a jornalistas o médico pessoal de Lula, Roberto Kalil. "Simplesmente, o hematoma não existe mais", explicou.

Kalil havia declarado anteriormente que devido ao sangramento próximo ao cérebro, por fim curado, "corria risco de acontecer o pior".

Lula se dirigiu diretamente ao Aeroporto de Congonhas após realizar a tomografia e chegou à residência oficial em Brasília no início da tarde, informou a Presidência da República à AFP.

Desde sua saída do hospital, Lula havia permanecido em sua residência particular em São Paulo.

Um novo exame de controle está previsto para daqui a dez dias, segundo seus médicos.

"O presidente já pode exercer as atividades normais, aliás, já está exercendo", acrescentou Kalil.

Embora os médicos estejam satisfeitos com sua recuperação, esse novo problema de saúde, que se seguiu a um câncer de laringe em 2011 e uma operação de quadril em 2023, gera dúvidas sobre a capacidade de Lula de tentar a reeleição em 2026.

Tensão fiscal e no câmbio
Em Brasília, Lula planeja chefiar uma reunião de alta importância com os membros de seu gabinete na sexta-feira, em um momento em que o Executivo tenta aprovar no Congresso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Corte de Gastos, que foi recebido com ceticismo pelo mercado.

A aprovação do pacote de ajuste fiscal avançou nesta quinta na Câmara dos Deputados, com algumas alterações parciais em relação à proposta original do governo, como a criação de novas regras para o abono salarial, e sua votação definitiva é aguardada no Senado.

A moeda brasileira se desvalorizou fortemente nas últimas semanas, atingindo o nível histórico de seis reais por dólar no final de novembro.

Segundo o site especializado TradingView, um dólar era cotado a R$ 6,13 no início da tarde desta quinta, após ter atingido R$ 6,30 na quarta, um novo recorde.

A desvalorização continuou apesar da decisão tomada na semana passada pelo Banco Central de aumentar a taxa de juros para 12,25% devido à pressão inflacionária.

A inflação interanual ficou em 4,87% em novembro, acima do teto de 4,5% estabelecido pelas autoridades.

No entanto, o Brasil também apresenta bons indicadores macroeconômicos, com crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e uma expectativa de aumento superior a 3% para este ano.

O desemprego recentemente atingiu seu nível mais baixo desde 2012, com uma taxa de 6,2% no período de agosto a novembro.

Mas os investidores estão desconfiados sobre a capacidade do governo de manter o equilíbrio orçamentário e cumprir seus compromissos fiscais.

"Ninguém neste país tem mais responsabilidade fiscal do que eu", afirmou Lula dias atrás.

O plano de ajuste anunciado no fim de novembro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê uma redução de gastos públicos de 70 bilhões de reais em 2025 e 2026.

No entanto, analistas e empresários consideraram essas medidas insuficientes. Também expressaram dúvidas sobre a decisão do governo de acompanhar a contração fiscal com uma redução de impostos para cidadãos de renda média.

Segundo o governo, esse benefício deverá ser compensado com um aumento de impostos para os mais ricos.

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