PARTIDO

Após conversa com Lula, Gleisi indica que seguirá no comando do PT

Presidente do partido está cotada para as pastas da Justiça, Secretaria-Geral e Desenvolvimento Social

Gleisi Hoffmann Gleisi Hoffmann  - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sinalizou a pessoas próximas que vai permanecer no comando do partido. Ela relembrou o pedido feito pelo petista, durante a transição de governo, de ficar à frente da legenda até 2025, quando a legenda fará eleições.

Com o avanço das discussões sobre a eventual entrada de Gleisi no governo, Lula chamou a deputada federal para conversar com ele no Rio, onde o presidente esteve para a Cúpula do Mercosul. Petistas e auxiliares do chefe do Executivo aguardavam que a conversa definisse o futuro da deputada no governo.

Como mostrou O Globo, Gleisi vinha sendo cotada para três ministérios na Esplanada: Justiça, Secretaria-Geral e Desenvolvimento Social. Quem defendia Gleisi na Secretaria-Geral vinha afirmando que ela teria capacidade de usar o posto para fazer uma defesa do governo mais contundente que a atualmente feita por Márcio Macêdo. Segundo interlocutores, a deputada, formada em Direito, teria sinalizado a Lula que não tem perfil para o Ministério da Justiça.

Desde a transição, Gleisi já esperava entrar o governo e ocupar um ministério no Palácio do Planalto. Na época, ficou decepcionada com a decisão de Lula de mantê-la no PT até 2025. A ideia do presidente era não desorganizar o partido no primeiro ano de governo. Agora, Gleisi pontuou com Lula que acredita que pode continuar contribuindo com o partido, especialmente durante as eleições municipais de 2024.

Apesar do recuo, não está descartada a ida da deputada para outra pasta durante a reforma ministerial que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2024. Auxiliares palacianos afirmam que Lula tem desejo de abrir espaço para Gleisi no governo. Com o movimento, o presidente não só agregaria mais uma mulher, em meio à indicação de dois homens para o STF, Flávio Dino e Cristiano Zanin, e a saída de duas mulheres (Ana Moser e Daniela Carneiro), mas também retribuiria lealdade a uma das suas principais aliadas. Como presidente do PT desde 2017, Gleisi nunca tirou o partido da órbita de Lula, especialmente enquanto o petista esteve preso. Na campanha de 2022, teve participação de destaque na costura da aliança que deu a vitória a Lula.

Neste cenário também pesa o fato de Gleisi ter tido um grave problema de saúde, em outubro, quando fez uma operação de revascularização do miocárdio após ter diagnóstico de 90% de obstrução nas artérias. Embora tenha tido sucesso no procedimento e esteja de volta as atividades, Gleisi poderá rever o ritmo de trabalho intenso à frente do comando do partido.

Possíveis substitutos
Ao mesmo tempo que avançava discussões para Gleisi ir para a Esplanada, integrantes do PT passaram a discutir quem a sucederia. Na CNB, corrente majoritária do partido a qual Gleisi pertence, quatro nomes já eram avaliados como mais bem posicionados nas discussões internas: o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo (SE), do senador Humberto Costa (PE) e do prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Embora a legenda tenha um processo próprio de escolha, petistas próximos a Lula afirmam que a indicação de presidente é 70% do caminho para se chegar ao comando da legenda.

Entre petistas que integram a executiva do partido, a avaliação é de que o eventual sucessor de Gleisi, além de cumprir mandato tampão até 2025, quando haverá eleições no partido, assumiria o ônus de uma eventual derrota da legenda nas eleições municipais em 2024. O tropeço nas urnas para a direita na maioria das capitais e grandes cidades brasileiras já é esperado por nomes expressivos da legenda, como o do ex-ministro José Dirceu. Após 2024, o futuro presidente terá o papel de se dedicar a articulação do campo político progressista para 2026.

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