Congresso Nacional

Após derrotas, Padilha diz que Lula está à "disposição" do Congresso

Ministro das Relações Institucionais afirmou ainda que presidente fará "todas as reuniões necessárias com líderes, vice-líderes"

Alexandre Padilha e LulaAlexandre Padilha e Lula - Foto: X/Reprodução

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou a série de derrotas do governo no Congresso Nacional na semana passada e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a articulação política têm "total noção realista do que é o perfil do Congresso Nacional". Padilha afirmou ainda que Lula está à disposição dos parlamentares e fará "todas as reuniões necessárias com líderes, vice-líderes" para concluir a votação das prioridades do Palácio do Planalto até julho.

"Para que a gente possa concluir a votação da pauta prioritária até julho como sinalizamos, todas as reuniões necessárias com líderes, vice-líderes vão acontecer. A medida que a gente sentir a necessidade por exemplo de qualquer um dos pontos prioritários até o mês de julho precisar de uma reunião mais ampla com os líderes, faremos reuniões mais amplas com os líderes da câmara, do senado. Presidente está absolutamente aberto e disposto a isso."

Pela manhã, Lula se reuniu com a equipe política e econômica para tratar sobre a articulação do Planalto no Congresso Nacional. A expectativa é que Lula faça essas reuniões semanalmente para alinhar a estratégia do governo. O encontro durou cerca de 1h30 no Palácio do Planalto.

Padilha, no entanto, afirmou que as agendas serão apenas a retomada das reuniões de coordenação com Lula. Esses encontros, no entanto, não ocorriam de maneira periódica e nem sempre contava com a presença dos líderes do governo.

"A possibilidade de retomada dessa reunião de coordenação tem um avanço positivo em poder coordenar melhor essa atuação. Presidente Lula já recebeu líderes e vice-líderes esse ano. Está à disposição de receber líderes e vice-líderes outras vezes. Tem feito agendas de sanção dos projetos de lei prioritários para valorizar o trabalho dos parlamentares, se encontrar com os parlamentares, tem buscado estar com os parlamentares nos estados."

Até então realizadas sem a participação de Lula, as reuniões de segunda-feira no Palácio do Planalto discutem a semana do governo no Congresso. Em alguns momentos, Lula participou dos encontros e fez reuniões de alinhamento com os ministros palacianos: Rui Costa (Casa Civil), Paulo Pimenta (Secom) e Padilha.

Além de Padilha, participaram da agenda o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo; o ministro Interino da Secretaria de Comunicação Social, Laércio Portela; o líder do Governo no Congresso, Senador Randolfe Rodrigues; líder do Governo no Senado, Senador Jaques Wagner; líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado José Guimarães; o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola; a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior; e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

Após o encontro, Padilha afirmou que Lula está à disposição de manter contato com líderes e parlamentares e que "nada substitui a presença do presidente".

"O presidente sempre está à disposição de manter um contato, e é muito importante que ele esteja com essa disposição sempre de manter contato com líderes e parlamentares. Nada substitui a presença do presidente da República. E as ações vão continuar."

Aliados tentam convencer Lula e estabelecer encontros frequentes com um grupo ainda mais amplo, que contemplaria os parlamentares que lideram as bancadas dos partidos aliados nas duas Casas legislativas. Segundo interlocutores do presidente, a tendência é que, diante do cenário turbulento e com a necessidade de seguir aprovando medidas econômicas, Lula intensifique os acenos.

Auxiliares afirmam que os ajustes serão mais focados no fluxo de discussões mais amplas sobre as votações. A ideia é que essas conversas se intensifiquem internamente e também com os parlamentares, organizando melhor o fluxo e trazendo uma rotina de debates para o time da articulação.

Aliados do presidente no Congresso criticam a postura de Lula no terceiro mandando, mais distante do convívio com parlamentares. Como mostrou O GLOBO, Lula tem usado cerimônias de sanções de projetos de lei no Palácio do Planalto para se aproximar de deputados e senadores. A ideia é permitir um momento de contato dos parlamentares com Lula. No último mês, foram realizados oito eventos desse tipo em que mais de 30 parlamentares estiveram com Lula.

A colunista Malu Gaspar mostrou que o plano é iniciar essa série de conversas com as chamadas "bancadas raiz"— como PT, PSOL e PSB. Já deputados e senadores de partidos que não apoiaram formalmente Lula nas eleições, mas têm espaço na Esplanada, como o MDB, o PSD e o União Brasil, seriam chamados num segundo momento.

Lula pretende azeitar a relação com Congresso nesses momentos, sem a previsão de fazer trocas imediatas na equipe. Ainda que pressionado pela base aliada e por setores do PT, o Palácio do Planalto trabalha com o cenário de mudanças na Esplanada apenas no segundo semestre do ano. O núcleo mais próximo ao presidente afirma que as alterações no primeiro escalão do governo serão guiadas pela correlação de forças entre os partidos após as eleições municipais e a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados.

Na semana passada, além da derrubada do veto presidencial ao ponto central da lei que restringe saídas temporárias de presos e da manutenção da decisão, tomada ainda na gestão de Jair Bolsonaro, de dificultar a punição à disseminação de notícias falsas eleitorais, a gestão Lula acumulou outras derrotas.

Nesta segunda-feira, Padilha afirmou que nada do que aconteceu na sessão do Congresso surpreendeu os articuladores políticos e afirmou que a avaliação sobre a articulação política é positiva, já que pautas tidas como prioritárias para o governo estão avançando.

— Nada do que aconteceu no Congresso surpreendeu os articuladores políticos do governo — afirmou Padilha, completando: — O governo sempre foi muito realista desde o ano passado. Sempre apresentamos uma pauta centrada no avanço econômico e social, na combinação do desenvolvimento social e econômico. Temos noção do perfil do Congresso

Na mesma sessão do Congresso foi derrubado o veto a um artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que desestimula a destinação de verbas do Executivo a ações favoráveis ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, ao aborto e à agenda LGBTQIA+. O item foi incluído na norma a partir de uma emenda do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e foi barrado por Lula em seguida.

A sessão da Câmara seguinte à reunião do Congresso também reservou outro resultado negativo: deputados aprovaram um projeto que susta pontos do decreto de armas do Executivo, como proibição de que clubes de tiro fiquem a menos de um quilômetro de escolas. Este texto ainda precisa do aval do Senado, onde a tendência é que não seja pauta prioritária.

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