São Paulo

Após embates, Doria e Leite se encontram, e aliados falam em "busca de diálogo"

Leite quer evitar judicialização da disputa tucana por Doria. Aliados avaliam que conflito fragiliza o partido na negociação por candidatura única

O governador de SP, João Doria  e o governador do RS, Eduardo LeiteO governador de SP, João Doria e o governador do RS, Eduardo Leite - Foto: Arquivo/Agência Brasil e Reprodução/Facebook

Depois de uma série de embates internos pela disputa à presidência da República pelo PSDB, os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite se encontraram em São Paulo na tarde desta terça-feira (19). A ideia da reunião partiu do gaúcho e foi aceita por Doria.

De acordo com interlocutores, os dois buscam estabelecer um canal de diálogo e avaliam que o acirramento do conflito interno pode fragilizar a posição do partido na chapa negociada com outras forças de centro por uma candidatura única.

No momento, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) desponta como o nome favorito para encabeçar a chapa, segundo fontes que acompanham as conversas entre PSDB, MDB e União Brasil. A vice, no entanto, está mais distante dos tucanos, já que União Brasil indicou o seu próprio presidente, Luciano Bivar, para fazer parte da aliança. A legenda de Bivar tem o maior tempo de televisão e também a maior fatia do Fundo Eleitoral.

Nos últimos dias, aliados de Doria vinham sinalizando com a possibilidade de judicialização da disputa, já que o estatuto tucano prevê a homologação na convenção partidária do candidato vencedor das prévias.

Embora tenha sido derrotado na eleição interna, Leite tenta correr por fora e busca apoio dos demais partidos do consórcio de centro. O entendimento do entorno do gaúcho é que as siglas da aliança não estão submetidas ao regramento do PSDB.

O entorno de Leite sustenta que no caso de um enfrentamento jurídico, Doria perderia no diretório nacional, como já ocorreu em outra ocasião, quando o paulista tentou expulsar o deputado Aécio Neves da sigla.

Ao Globo nesta terça-feira, Leite disse que busca uma solução política para o conflito. Ele reiterou que a rejeição de Doria nas pesquisas de intenção de voto tem provocado resistência nos partidos aliados de centro que negociam uma candidatura única.

— Uma candidatura não se sustenta juridicamente, tem que se sustentar politicamente. Confio que a política vai se encarregar de resolver, não tenho preocupação com aspectos jurídicos — afirmou Leite.

A declaração do gaúcho foi feita após um encontro com o ex-presidente Michel Temer, que tem atuado como uma espécie de mediador para pacificar os conflitos na terceira via.

De acordo com aliados do ex-presidente, Temer concordou com a avaliação que a solução do conflito tucano e também da resistência ao nome de Tebet no MDB precisa ser política, já que na sigla também há resistência interna de lideranças que defendem a candidatura do ex-presidente Lula.

Ao mesmo tempo, Doria tem atuado para diminuir seu isolamento na sigla e quer aparar arestas após seu rompimento com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, num episódio em que este defendeu que o pacto dos partidos de centro estava acima das prévias. Na segunda-feira, o paulista havia conversado com Araújo e ambos avaliaram que seria melhor acalmar os ânimos.

Um movimento de trégua no PSDB já havia sido iniciado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG) em entrevista ao Globo na semana passada, quando o mineiro fez elogios a Doria e às entregas de sua gestão em São Paulo, mas disse que sua alta rejeição nas pesquisas de intenção de voto prejudicavam a montagem de chapas do partido nessas eleições e poderia levar a sigla ao encolhimento.

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