Após encontro com Lula, Macron vai ao Congresso se reunir com Pacheco
O encontro foi marcado pelo baixo número de parlamentares presentes às boas vindas ao francês e por mudanças no protocolo do cerimonial provocadas pela chuva
O presidente da França, Emmanuel Macron, visitou o Senado nesta quinta-feira e participou de uma cerimônia com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que lembrou que a visita do chefe de estado ocorreu na mesma semana em que o Senado celebrou 200 anos. O encontro foi marcado pelo baixo número de parlamentares presentes às boas vindas a Macron e por mudanças no protocolo do cerimonial provocadas pela chuva que caía em Brasília. Sem citar o governo Bolsonaro, com o qual teve embates nas relações diplomáticas, Macron elogiou "a resiliência da democracia brasileira".
- A democracia brasileira é muito viva e uma fonte de inspiração pelo que viveu nos últimos anos - disse.
Pacheco lamentou que o encontro entre eles ocorresse em uma véspera de feriado.
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- Queria que fosse um dia de sessão do Congresso Nacional, para que Vossa Excelência pudesse conferir os nossos trabalhos, mas sei que não faltarão oportunidades futuras.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Macron falaram com a imprensa após nova reunião bilateral no Palácio do Planalto. Lula afirmou que o acordo entre Mercosul e União Europeia é "mais promissor" de ser assinado, mas ressaltou que é democrático que a França seja contra a proposta. No começo do mês, Lula afirmou que não depende da França para ser fechado, embora o país seja um dos principais opositores ao entendimento por conta de protestos de produtores agrícolas.
— O acordo proposto agora é muito mais promissor de assinar do que o outro, mas obviamente que o Brasil tinha o direito de ser contra. A primeira proposta eu acho normal e democrático que o presidente Macron seja contra a proposta. Ainda vamos tentar continuar conversando com a UE, essa briga quem tem que fazer com Macron é a UE. E minha briga fica com o Mercosul.
Lula afirmou ainda que a "briga" pelos termos do acordo deve ser entre União Europeia e França e que o acordo não é bilateral entre os dois países, afastando um atrito entre os dois presidentes.
— O Brasil nao está negociando com a França. O Mercosul está negociando com a UE. Não é um acordo bilateral entre Brasil e França, é um acordo comercial entre dois conjuntos de países, de um lado a UE e do outro o Mercosul. O Mercosul está conversando com a UE, obviamente que depois dacdecisão da UE, se o Macron tiver que brigar com alguém não é com o Brasil, é com a UE.
Lula enalteceu a relação entre os dois países ao afirmar que "nenhuma potência tradicional é mais próxima do Brasil do que a França". Ele ainda afirmou que o chefe do país europeu comprovou que o compromisso brasileiro com o meio ambiente "não é retórico".
— O diálogo entre nossos países representa uma ponte entre o Sul Global e o mundo desenvolvido em favor da superação de desigualdades estruturais e de um planeta mais sustentável — disse Lula, completando: — O presidente Macron pode constatar pessoalmente que o nosso compromisso com o meio ambiente não é retórico.
O presidente brasileiro também disse ter reforçado a Macron a posição brasileira em relação à guerra na Ucrânia, em que a França apoia os ucranianos, enquanto o Brasil adota uma postura mais neutra, com acenos à Rússia. Ele também criticou a falta de ação da ONU em relação ao conflito na Faixa de Gaza, com críticas aos ataques de Israel contra o Hamas.
— As teses que questionam a obrigatoriedade do cumprimento da recente determinação de cessar fogo na Faixa de Gaza corroi mais uma vez a autoridade do conselho (de segurança da ONU) — afirmou Lula.