Após inelegibilidade, defesa de Braga Netto já traça estratégia para recorrer; entenda os caminhos
General da reserva foi colega de chapa de Jair Bolsonaro
Condenado por cinco votos a dois à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nessa terça-feira (31), o general da reserva Walter Braga Netto, que concorreu à vice-presidência da República na chapa de Jair Bolsonaro (PL), deve recorrer da decisão para tentar suspender os seus efeitos — uma vez que traça planos de uma possível candidatura nas eleições municipais de 2024.
O ex-ministro chefe da Casa Civil foi punido por abuso de poder político e econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, no Sete de Setembro do ano passado. Isto porque, enquanto candidato a vice, participou dos eventos que consistiram, na avaliação do TSE, em práticas de campanha revestidas de ato oficial.
A pena de oito anos imposta a Braga Netto e sua data de aplicação contam a partir das eleições de 2022, ou seja, uma inelegibilidade que duraria até 2030. O companheiro de chapa de Bolsonaro havia escapado ileso do primeiro julgamento no TSE que tornou o ex-presidente inelegível em junho. Agora, além da condenação, também foi punido com uma multa de R$ 212,28 mil.
Diante do resultado desfavorável, há grande probabilidade de que a defesa do ex-ministro chefe da Casa Civil ingresse com os chamados “embargos de declaração” no próprio TSE — a partir dos quais os advogados podem questionar, por exemplo, os critérios contidos na decisão.
— Vamos esperar a publicação do acórdão para observarmos se houve alguma obscuridade nos votos, que vieram resumidos, em alguns casos, para avaliar qual é o caminho que iremos seguir. Recebamos o resultado com absoluto respeito à Justiça Eleitoral — disse o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, responsável pela defesa tanto de Bolsonaro quanto de Braga Netto.
Leia também
• TSE condena, mais uma vez, Bolsonaro e Braga Netto à inegilidade; desta vez, por uso político do 7/9
• Estelionato, agressão e roubo de gado: quem é Ney Mentira
• Zema reclama de ''má vontade enorme'' do Governo Federal
Esses recursos, no entanto, só podem ser apresentados após a publicação do resultado oficial do julgamento, o acórdão, que deve ocorrer após algumas semanas. Caso os advogados recorram ao TSE, uma decisão definitiva só ocorrerá caso haja julgamento de todos esses recursos.
Além dos embargos ao TSE, também existe a possibilidade de que a equipe jurídica do PL ingresse com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando falhas ou omissões durante o julgamento na Corte eleitoral. Esse recurso, se for admitido, pode ter efeito suspensivo. As chances de que chegue ao Supremo, contudo, são remotas.
A condenação de Braga Netto foi imposta a partir do voto do ministro Floriano de Azevedo Marques, que acabou sendo acompanhado pelos ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. O relator das ações analisadas nesta terça-feira, ministro Benedito Gonçalves, inicialmente apenas votou pela imposição da multa ao general da reserva. Mas após os votos dos demais integrantes do tribunal, o corregedor da Justiça Eleitoral mudou de posicionamento, entendendo que houve sua participação ativa nos atos considerados abusivos.
No Sete de Setembro do ano passado, o então presidente assistiu ao desfile oficial, na Esplanada dos Ministérios, e, logo em seguida foi para um trio elétrico que estava a poucos metros de distância e realizou um discurso de caráter eleitoral. De tarde, Bolsonaro seguiu para o Rio de Janeiro e assistiu uma apresentação do Exército e da Aeronáutica na Praia de Copacabana. No mesmo local, fez novo discurso com teor de campanha. Em todos os atos, esteve acompanhado de Braga Netto.