Abin paralela

Após Jair Renan e Flávio, PF mira relação de Carlos Bolsonaro com Abin

Além do vereador carioca, os outros dois filhos do ex-presidente também se viram envolvidos em escândalos com a agência de inteligência

Polêmicas envolvendo Abin já atingem três dos filhos do ex-presidente Jair BolsonaroPolêmicas envolvendo Abin já atingem três dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

O vereador Carlos Bolsonaro é alvo, nesta segunda-feira (29), de uma operação da Polícia Federal que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. Outros dois filhos do ex-presidente, Jair Renan e Flávio Bolsonaro, já se viram envolvidos em escândalos por conta de suspeitas relacionadas à atuação da Abin.

Nesta segunda-feira, a Polícia Federal realiza uma operação contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, para investigar o esquema ilegal. Ele é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina através do programa espião FirstMile.

A PF apura se a Abin montou uma operação paralela para tentar tirar Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo, segundo informou O Globo na última quinta-feira . Posteriormente, a apuração foi arquivada.

Na ocasião, a PF já havia apontado que uma ação da Abin havia atrapalhado as investigações envolvendo o filho 04 de Bolsonaro. Mas agora os policiais encontraram elementos que indicam como motivação uma tentativa de livrar o filho do presidente das suspeitas que recaíam sobre ele — e de incriminar o ex-parceiro comercial de Jair Renan.

À época, o filho de Bolsonaro abriu um escritório no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e passou a atuar em parceria com o seu ex-personal trainer, Allan Lucena, para angariar patrocinadores dispostos a investir no novo negócio do filho do presidente.

A PF passou a investigar o caso após a revista VEJA revelar que Jair Renan e Lucena intermediaram uma reunião de empresários com integrantes do governo Bolsonaro. O inquérito foi arquivado em agosto de 2022.

Durante a investigação da PF naquela época, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal de Jair Renan. A ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um integrante da Abin dentro do estacionamento do ex-sócio do filho do presidente.

Ao prestar esclarecimentos na PF, o agente da Abin informou que recebeu a missão de um auxiliar de Ramagem de levantar informações sobre um carro elétrico, avaliado em R$ 90 mil, que teria sido doado ao filho do ex-presidente e ao seu personal trainer. O veículo foi dado por um empresário do Espírito Santo que estava interessado em ter acesso ao governo.

Ramagem, nome do PL para a disputa da Prefeitura do Rio de Janeiro, é figura próxima de Bolsonaro e era um dos homens de confiança do então presidente. Em agosto de 2022, o GLOBO revelou que a PF informou em um relatório que o órgão de inteligência sob a gestão Ramagem atrapalhou o andamento da investigação envolvendo Jair Renan.

Flávio Bolsonaro
O caso de Jair Renan não foi a primeira vez em que a agência foi relacionada com investigações do interesse dos filhos do presidente. Também durante a gestão de Ramagem, em 2020, a Abin participou de uma reunião no Palácio do Planalto sobre o caso das "rachadinhas" com a defesa do senador Flávio Bolsonaro.

Em dezembro daquele ano, a advogada de Flávio disse à revista ÉPOCA que tinha recebido relatórios de inteligência diretamente de Ramagem sobre o caso. A Abin negou, na ocasião, que os documentos eram oficiais, mas admitiu que houve a reunião com a defesa do filho do presidente. Em entrevista ao GLOBO em 2022, o sucessor de Ramagem na chefia da Abin, Victor Felismino Carneiro, disse que o encontro "foi uma consulta".

Em nota, o senador disse ser "mentira" que a Abin tenho o favorecido e classificou o caso como " tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro".

"É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia", diz nota enviada por meio da assessoria de Flávio.

Veja também

Reunião sem Lula sobre incêndios tem seis ministros e nove governadores
Incêndios

Reunião sem Lula sobre incêndios tem seis ministros e nove governadores

X acata ordem judicial e volta a ficar indisponível no Brasil
Justiça

X acata ordem judicial e volta a ficar indisponível no Brasil

Newsletter