Após ser citado pela PF por suspeita de vazamento, Bolsonaro participa de evento e fica em silêncio
Interceptação telefônica do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro apontou suspeitas de vazamento de informações sigilosas sobre investigação
Um dia após ser citado em inquérito da Polícia Federal por suspeita de vazamento de informações sigilosas ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado de um evento público em Santa Catarina e discursou por cerca de 20 minutos, mas não abordou o assunto em nenhum momento.
No discurso, Bolsonaro fez uma defesa de seu governo, sem citar as suspeitas de corrupção no Ministério da Educação (MEC). Disse apenas que não poderia ficar "calado" se estiver ocorrendo "algo de mal" com outras pessoas.
-- Não podemos admitir que enquanto estiver acontecendo algo de mal para os outros, nós fiquemos calados do lado de cá. Esse mal vai bater na sua porta um dia -- afirmou. E complementou: -- Por que lutar pelo poder a qualquer preço, mesmo que custe bem estar e sofrimento para o nosso povo? Repito, seria muito mais fácil estar do outro lado.
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Na sexta-feira, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, enviou para o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre Milton Ribeiro, depois que Bolsonaro foi citado em áudio interceptado pela PF. Milton diz a sua filha que o presidente havia lhe telefonado e relata o seguinte diálogo:
-- Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa...
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro têm defendido que a conversa era apenas um palpite do presidente e não significava que ele teve acesso a informações sigilosas da investigação.
Para blindar Bolsonaro, a estratégia da sua defesa, segundo aliados, será de apontar supostas falhas no processo, como o fato de a investigação não ter sido enviada antes ao STF, já que a interceptação que citou o presidente foi feita em 9 de junho.
Essa é a mesma linha já anunciada publicamente pelo advogado de Milton Ribeiro, Daniel Bialski, que chegou a dizer que as decisões proferidas pelo juiz de primeira instância deveriam ser consideradas ilegais diante disso.