Após ser exonerado na EBC, criador do 'Dilma Bolada' volta a atuar com Paes com salário de R$ 32 mil
Ele havia deixado a Prefeitura do Rio para atuar na empresa de comunicação do governo federal
Criador do perfil de internet 'Dilma Bolada', que fazia sátiras com a ex-presidente Dilma Rousseff, o o publicitário Jeferson de Oliveira Monteiro voltou a trabalhar com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, com um salário bruto de R$ 32,8 mil. Ele, que atuava no Executivo municipal carioca desde 2021, quando Paes retornou ao cargo, saiu após receber um convite para ser nomeado na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), de onde foi exonerado por estar viajando pela Europa mesmo sem ser ter ainda direito à férias.
A nova nomeação de Jeferson na prefeitura do Rio foi publicada no Diário Oficial municipal no dia 23 de agostos deste ano, uma semana após sua exoneração na EBC. Ele integra a equipe de comunicação de Paes e é o responsável pela criação das estratégias das redes sociais do órgão. Com os descontos, seu salário bruto de R$ 32,8 mil passa para aproximadamente R$ 24 mil.
Foi o próprio prefeito que convidou o dono do perfil 'Dilma Bolada' para atuar na prefeitura, logo após ter vencido as eleições, em 2020. Ele ganhou fama após criar uma página de sátira da ex-presidente que ganhou repercussão durante as eleições de 2010. Jeferson chegou a ser premiado como a melhor conta falsa de uma personalidade pelo "Shorty Awards", uma premiação internacional que seleciona os melhores perfis no Twitter.
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Alinhado a políticos de esquerda, a página Dilma Bolada era conhecida por apoiar publicamente a então presidente e o governo petista. Em 2014, o perfil contava com mais de 1,4 milhões de seguidores.
Em 11 de maio de 2017, após o ministro do Supremo Tribunal Federal retirar o sigilo das delações de Mônica Moura, esposa do publicitário, João Santana, veio a público um citação ao criador do perfil. Jeferson foi citado por Mônica, que disse que ela e o marido, João Santana, pagaram R$ 200 mil ao criador do Dilma Bolada na campanha eleitoral de 2014. O dinheiro, segundo Mônica, teria sido pago a pedido do coordenador da campanha, Edinho Silva, sob o argumento de que o trabalho do ator era vantajoso para a imagem da então presidente.
A pedido do então procurador-geral da República Rodrigo Janot, o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, enviou os indícios para o Ministério Público Federal no Paraná. O caso não foi adiante.
Demissão EBC
Jeferson deixou a prefeitura em março, para assumir um cargo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) — estatal ligada ao governo Lula (PT). Ele foi nomeado na Gerência de Produção Educativa/Gerência Executiva de Produção, Aquisições e Parcerias de Conteúdos Educativos/Diretoria de Conteúdo e Programação. Natural de Mesquita, na Baixada Fluminense, o publicitário foi lotado no Rio de Janeiro.
No começo de agosto, o publicitário optou por fazer uma viagem pela Europa. O passeio repercutiu entre funcionários, que começaram a questionar internamente como ela teria acontecido, uma vez que não havia tempo de trabalho suficiente para que Monteiro pudesse tirar férias.
Após a análise do caso, Hélio Doyle, o então presidente da EBC, decidiu demiti-lo. Para Doyle, a situação era "grave" e a viagem "não se justificava", uma vez que Monteiro, de fato, não estava oficialmente de férias e nem viajando a trabalho. Segundo ele, a lei não permitiria que que o funcionário estivesse na Europa, o que é imprescindível de ser observado no caso de uma empresa pública.