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PGR

Aras cita senador cassado e defende 'imparcialidade' da PGR e declaração de 'amor' à democracia

Quando defendeu sua "imparcialidade", Augusto Aras provocou rumores, burburinhos e até algumas risadas

Procurador Geral da República, Augusto ArasProcurador Geral da República, Augusto Aras - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Em seu discurso na abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal (STF), Augusto Aras, procurador-geral da República, causou desconforto ao citar parlamentares cassados, como Demóstenes Torres e defender a "imparcialidade" da atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ainda segundo Aras, é preciso dizer à democracia "eu te amo” "todos os dias".

Já no momento final, a fala de Aras mencionou um artigo publicado na imprensa pelo ex-senador Demóstenes Torres, cassado por quebra de decoro parlamentar. Na época, ele foi acusado de ter usado o mandato para favorecer o contraventor Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.

— Hoje li um artigo do ex-senador Demóstenes Torres falando basicamente que na hora da batalha não importa o que vai acontecer, mas quem está ao nosso lado na trincheira. O ex-senador, ex-Procurador-Geral de Justiça, um homem erudito, declara seu amor a sua companheira e cita como exemplo a senhora Rosângela Silva — afirmou Aras.

O ex-senador também é advogado de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, preso preventivamente pelo STF nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

Ao dizer que é preciso afirmar todos os dias "democracia eu te amo, eu te amo, eu te amo", o PGR gerou constrangimento na plateia. Uma mulher falou, em volume médio, "hipocrisia". Outros convidados se viraram para olhar, gerando certo desconforto.

Quando disse que agiu com "imparcialidade", provocou rumores e burburinhos nas pessoas que estavam assistindo, e até algumas risadas.

— Fiel à definição da Constituição da República, o Ministério Público não separa o que a Constituição uniu e, por isso, recusa antagonismos entre regime democrático e ordem jurídica. Nenhuma dessas conquistas se mantém de pé ou cai sozinha — disse Aras.

Ainda segundo o PGR, o momento pede o respeito ao resultado das urnas e "pacificação".

— É hora de pacificar, é hora de reconciliar. É hora de voltar à normalidade das instituições e das pessoas. É hora de seguirmos em frente, de fazermos a paz, de lembrar que cada brasileiro e cada brasileira tem dever para com a República — disse.

 

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