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CRÍTICOS DO GOVERNO

Aras diz ao STF não ver motivo para investigar Bolsonaro por inquéritos da PF contra críticos

Aras se posicionou sobre um pedido do PDT enviado ao Supremo no mês passado

Presidente Jair Bolsonaro e PGR Augusto ArasPresidente Jair Bolsonaro e PGR Augusto Aras - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) na terça-feira (20) que não cabe investigar o presidente Jair Bolsonaro sobre eventuais inquéritos abertos pela Polícia Federal para apurar a conduta de críticos do governo.

Aras se posicionou sobre um pedido do PDT enviado ao Supremo no mês passado, após a PF abrir, por requisição do então ministro da Justiça, André Mendonça, um inquérito sobre a suspeita de que o ex-ministro Ciro Gomes cometeu crime contra a honra do chefe do Executivo.

No documento ao Supremo, o PDT defendeu a responsabilização penal de Bolsonaro e Mendonça por abuso de autoridade e crime de responsabilidade.

"Denota-se que o Ministério da Justiça e Segurança Pública está sendo utilizado pelo presidente da República para satisfazer os interesses provenientes do seu espírito emulativo", afirmou o partido.

Por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo, o procurador-geral opinou sobre o assunto.

Ele disse que a legenda não indicou ato concreto de Bolsonaro para motivar uma apuração.

"No intuito de incriminar o presidente da Republica, [os autores da ação] valem-se somente de termos genéricos, deixando claro que deveria ser responsabilizado penalmente pelo fato de ser superior hierárquico do ministro da Justiça e Segurança Pública", afirmou Aras.

A PF abriu inquérito a respeito da conduta de Ciro após uma entrevista concedida pelo político do Ceará em novembro, na qual ele fez críticas a Bolsonaro no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Na ocasião, via assessoria de imprensa, Ciro afirmou que considerou na providência uma tentativa de intimidação de um opositor e que se trata de um ato de desespero de Bolsonaro.

"Não ligo para esse ato contra mim, mas considero grave a tentativa de Bolsonaro de intimidar opositores e adversários", disse ele, que é pré-candidato à Presidência em 2022.

O pedido de apuração chegou à polícia por intermédio de Mendonça, que recebeu do Palácio do Planalto o documento assinado pelo próprio presidente.

A legislação prevê, frisou Aras na manifestação ao Supremo, que é competência do titular da Justiça pedir a apuração de crimes contra a honra do presidente.

"Não há como se pretender, unicamente em razão do vínculo precário de agente politico, responsabilizar criminalmente o presidente da República por atos praticados por seus ministros de Estado", disse.

Aras informou que na PGR (Procuradoria-Geral da República) tramita um procedimento preliminar para apurar a conduta de Mendonça sobre o uso da Lei de Segurança Nacional para investigar opositores do presidente.

Após a apuração preliminar, a PGR analisará se há elementos suficientes para abrir um inquérito e tornar o atual advogado-geral da União formalmente investigado no Supremo.

Em episódio recente, Mendonça também determinou à PF que investigasse a instalação de dois outdoors no ano passado em Palmas, no Tocantins, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e sua administração. Nas placas, o presidente foi chamado de "pequi roído".

O principal alvo do inquérito era o sociólogo e professor Tiago Costa Rodrigues, que arrecadou pouco mais de R$ 2.000 por meio de uma vaquinha online para custear as despesas. Rodrigues é dirigente do PC do B local.

Roberval Ferreira de Jesus, dono da empresa contratada pelo crítico de Bolsonaro para a prestação do serviço, foi incluído na apuração policial.

Um produtor rural apoiador de Bolsonaro levou o caso à PF, defendendo o enquadramento da dupla na Lei de Segurança Nacional.

A superintendência da polícia no Tocantins, no entanto, entendeu que o caso não se enquadrava na lei citada e que as expressões nos outdoors configuravam "injúrias, xingamentos e frases ofensivas", com potencial apenas para atingir a honra do presidente da República.

O caso chegou ao conhecimento do Ministério da Justiça. Mendonça requisitou, então, a abertura de inquérito à PF em Brasília.

No final do mês passado, a Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu arquivá-lo por entender que as mensagens estampadas nos outdoors eram posições políticas e defendeu que é preciso respeitar o direito à liberdade de expressão dos cidadãos.

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