Arthur Lira é reeleito presidente da Câmara em votação recorde
Parlamentar formou amplo bloco de alianças que vai do PT ao PL
O deputado Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito para a presidência da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (1º), com 464 votos, um recorde. Em segundo lugar, bem atrás, ficou Chico Alencar (PSOL-RJ), com 21 votos, e em terceiro, o candidato do Novo, Marcel van Hattem (RS), com 19.
Até hoje, os deputados eleitos com a maior votação para a presidência da Câmara foram Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), em 1991, e João Paulo Cunha (PT-SP), em 2003. Cada um obteve 434 votos dos 513 possíveis em sua respectiva eleição.
Após formar um arco de alianças que vai desde o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lira continuará no comando da Casa por mais dois anos. Conhecido por sua capacidade de articulação, Lira angariou o apoio de 20 legendas, que abrigam 496 dos 513 deputados. Ele teve como adversários na disputa os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
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Aliado de Bolsonaro durante a campanha pela reeleição, Lira fez acenos a Lula logo após a vitória do petista, no dia 30 de outubro. Minutos após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o resultado da eleição presidencial, o deputado parabenizou Lula, dando o primeiro passo à formação da aliança que hoje lhe garante a permanência no comando da Câmara. Foi o primeiro chefe de Poder a reconhecer o resultado das urnas.
Lira começou a agregar apoios em novembro de 2022, logo após as eleições presidenciais. Além do seu partido, o PP, e do PL de Bolsonaro, conseguiu antecipar os endossos do União Brasil, que passa a ter a terceira maior bancada da Casa, Republicanos, Podemos e PSC.
O apoio formal do PT e do PSB (do vice-presidente, Geraldo Alckmin) veio durante as negociações da “PEC da Transição”, proposta de Emenda à Constituição votada durante a transição para ampliar em R$ 168 bilhões o Orçamento de 2022.
Considerada prioridade para Lula antes mesmo de assumir o mandato, a votação e aprovação da PEC colocou à prova a promessa de Lira de pauta propostas consideradas importantes para o governo ao longo do seu mandato.
Mesmo com o favoritismo, Lira fez uma maratona de reuniões com diferentes bancadas, abarcando diversos campos políticos, nos últimos dia a pedido de votos. Costurou um apoio com espaço nas comissões temáticas da Câmara e distribuindo benesses aos deputados.
Foi selado, por exemplo, um acordo de alternância na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) entre o PT e o PL. Como o PT presidirá a CCJ neste ano, o PL deve indicar o relator do Orçamento de 2024, de olho no envio de recursos para redutos de aliados em ano de eleições municipais. Apesar de adversários, as duas siglas integram o mesmo bloco de apoio à reeleição de Arthur Lira para a presidência da Casa.
Em campanha, ele dobrou o valor do auxílio-moradia dos parlamentares, elevou o valor do reembolso com combustível, liberou mais cargos para os partidos nomearem assessores e aumentou o número de viagens a bases eleitorais permitidas pela cota parlamentar.
Lira reajustou em 6% a verba de R$ 111.675 mensais a que cada deputado tem direito para gastos no gabinete, incluindo a contratação de assessores. Os deputados terão direito a R$ 8.401 para custear moradia em Brasília e a R$ 9.392 para gastos com combustíveis (antes, eram R$ 4.253 e R$ 6 mil, respectivamente)
Perfil
Nascido em Maceió, Lira tem 53 anos, é empresário, advogado e agropecuarista e começa agora seu quarto mandato de deputado federal.
Lira é um dos principais líderes do Centrão, grupo de partidos conhecido por historicamente apoiar diferentes governos. Como presidente da Câmara, foi um dos articuladores e defensores das emendas de relator, que ficaram conhecidas como orçamento secreto pela falta de transparência e disparidade na distribuição entre os parlamentares.
Esses recursos foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.