Assessor preso por financiar atos golpistas pedia intervenção federal em QG durante expediente
Carlos Victor de Carvalho era servidor do gabinete do deputado estadual Felippe Poubel (PL) na Alerj; Bolsonarista foi exonerado na quinta-feira, quando foi detido pela PF
Preso na última quinta-feira por financiar transporte que levou golpistas até Brasília nos atos terroristas do dia 8, o ex-assessor parlamentar do deputado estadual do Rio Felippe Poubel (PL) gravou vídeos na porta do Quartel General do Exército em Campos dos Goytacazes durante o expediente na Alerj. Carlos Victor Carvalho, de 34 anos, esteve lotado no gabinete do bolsonarista entre junho de 2022 e semana passada, quando foi exonerado no mesmo dia em que foi detido pela Polícia Federal. Em vídeos compartilhados em seu perfil do Facebook, ele mostra a movimentação em atos antidemocráticos que ocorreram no Norte Fluminense entre os dias 1 e 3 de novembro.
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Nos primeiros registros obtidos pelo GLOBO, o líder bolsonarista convoca apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para comparecerem a uma manifestação no Exército de Guarus que ocorreu no dia 2, feriado de Finados. Nas imagens, Carlos Victor pedia por intervenção federal por não aceitar a vitória democrática do presidente Lula (PT) nas urnas. O vídeo foi publicado entre 10h e 15h de uma terça-feira, horário em que a Alerj estava em funcionamento.
Na manhã seguinte, um feriado, ele discursou novamente:
"Chega de andar nas quatro linhas, agora é hora da verdade. É hora de lutar pelo Brasil. Vem você para rua lutar pela sua família, pela sua liberdade", disse enquanto era ovacionado por outros manifestantes. Naquela quarta-feira, ele compartilhou via Facebook ao menos três mensagens em atos antidemocráticos.
O movimento continuou ao longo da quinta-feira, outro dia de expediente. Às 13h30, ele divulgou registros de bolsonaristas cantando o hino nacional em frente ao QG. Horas depois, às 16h, um novo vídeo da movimentação.
A assessoria do deputado Felippe Poubel foi questionada pelo GLOBO, mas não respondeu até a data desta publicação. A reportagem será atualizada em caso de retorno.
Líder bolsonarista
Apontado como um dos financiadores dos atos terroristas que culminaram na depredação da sede dos três Poderes, o ex-assessor parlamentar Campos Carlos Victor Carvalho também administrava perfis de apoio ao ex-presidente nas redes sociais e foi candidato a vereador nas eleições de 2020, quando concorreu tentou, sem sucesso, uma vaga na Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes. Na semana passada, o fundador do Associação Direita Campos ficou três dias foragido após se tornar alvo da operação Ulysses decretada pela PF na última segunda-feira.
Na manhã de 19/01, policiais federais da Delegacia de Polícia Federal em Campos dos Goytacazes prenderam o terceiro alvo da operação. O homem foi encontrado em uma pousada no município de Guaçuí, no Espírito Santo. Com isso, os três mandados de prisão foram cumpridos de forma efetiva, informou a PF, em nota.
Também na quinta-feira, ele foi exonerado do cargo na Alerj, pelo qual recebia um salário líquido de R$ 5.588,30. Além do ex-assessor, a PF também prendeu outros dois suspeitos de financiarem os atos do dia 8: o subtenente Roberto Henrique de Souza Júnior e a doceira Elizângela Cunha Pimentel Braga.
Apoiador de Daciolo e doceira tiktoker
Presos na Operação Ulysses, o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos, e a doceira Elizângela Cunha Pimentel Braga, de 48 anos, são alvos da mesma investigação. Júnior foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018, enquanto Elizângela é doceira e faz vídeos a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro no Tiktok.
Lotado em Guarus, no Norte Fluminense, o bombeiro disputou o pleito pelo Patriota, partido ligado à base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob a alcunha de "Júnior Bombeiro" e obteve 1.260 votos. Em agosto do ano passado, ele foi condenado pela Justiça Eleitoral por mau uso do fundo partidário. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio, o então candidato não prestou suas contas de campanha, motivo pelo qual foi obrigado a devolver R$ 4 mil.
Em 2011, o subtenente chegou a ser preso por participar de uma manifestação liderada por Cabo Daciolo. Na ocasião, o então 1° sargento e seus 429 colegas quebraram 12 viaturas e os portões do Quartel Central do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) enquanto pediam melhores salários. Júnior tem 33 anos de corporação.