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ELEIÇÕES 2022

Atrás de Lula e Bolsonaro nas pesquisas, Ciro e Tebet fazem ofensiva contra o voto útil

Pedetista e emedebista veem 'desrespeito' e 'tática do medo' em investida petista, que tem direcionado discurso para eleitores dos candidatos da terceira via

Urna eletrônicaUrna eletrônica - Foto: Agência Brasil

Na luta pela sobrevivência eleitoral, os dois candidatos à Presidência que tentam encarnar o movimento da terceira via, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), intensificaram uma campanha para impedir a debandada de apoiadores que se mostram dispostos a aderir ao chamado voto útil.

Ao todo, 54% dos eleitores de ambos os presidenciáveis declararam que ainda podem mudar o voto, de acordo com o Datafolha divulgado na última sexta-feira.

Na pesquisa mais recente, veiculada pelo Ipec na segunda-feira, Ciro aparece com 7% e Tebet com 4% da preferência. Diante das chances reduzidas de eles irem para o segundo turno, as duas campanhas temem que os eleitores optem por votar num candidato melhor colocado nas pesquisas, seja Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera (46%), ou Jair Bolsonaro (PL), que somou 31%, sob pretexto de derrotar aquele que mais rejeitam no primeiro turno.

O petista tem apostado em peças publicitárias para fisgar os brasileiros capazes de abandonar Ciro e Tebet na reta final da campanha.
 

No contra-ataque, Ciro tem lançado mão de uma série de vídeos intitulada “Verdadeiro voto útil”. Eles seguem o mesmo roteiro: a câmera foca em uma pessoa, enquanto uma narradora questiona o que deve ser feito quando tentam lhe convencer a deixar para trás suas convicções ou uma grande paixão.

“O que você diria a alguém que mandasse você mudar de time, dizendo que ele não pode ser campeão?”, diz o primeiro vídeo. O segundo indaga: “O que você diria a alguém que mandasse você abandonar seus sonhos porque eles não são fáceis de se realizar?”

Ambas as propagandas terminam com a voz de Ciro:

“Para eles, o voto útil é tornar o seu amor inútil”.

Uma outra peça, veiculada a partir de hoje, ao qual O GLOBO teve acesso, é ainda mais dura.

“O que você diria a alguém que mandasse você abandonar a sua família por que sem ela sua sobrevivência seria mais fácil? Para eles, voto útil é tornar sua dignidade inútil”, provoca a locutora.

Paralelamente, Ciro Gomes aumentou o tom dos ataques ao petista, numa tentativa de ampliar a rejeição ao ex-presidente e o sentimento de antipetismo entre seus apoiadores.

Nesta segunda-feira, o presidente do PDT, Carlos Lupi, também embarcou na contraofensiva ao voto útil. Publicou um vídeo em que afirma, mostrando otimismo, que Ciro chegará ao segundo turno.

“Nos vença no voto. Isso é da democracia. Agora, se a gente vencer no voto, vão ter que nos aturar”, diz Lupi, abrindo um sorriso. “Nós somos assim, temos causa, temos história. Não vendemos, não trocamos e não comercializamos candidatura. É para valer do começo ao fim, doe a quem doer.”

A 17 dias da eleição, a campanha de Lula estipula como meta a conquista de três pontos percentuais entre eleitores que hoje se declaram apoiadores de Tebet e Ciro Gomes. Para minar o movimento, os estrategistas que trabalham com a presidenciável do MDB traçaram um plano diferente do de Ciro. Em vez de peças publicitárias, a campanha de emedebista aposta nas entrevistas e declarações públicas de Tebet e de sua candidata a vice, a senadora Mara Gabrilli (PSDB), para desmontar a armadilha petista.

Ao GLOBO, Gabrilli classificou como “desrespeito e desserviço” a ofensiva pelo voto útil feita pelo PT:

— Neste momento, essas falas agridem e subestimam o eleitor. E desdenham dos demais presidenciáveis e suas chapas. É muita pretensão e arrogância do candidato achar que ele resolve todo o problema do Brasil sem se curvar ao contraditório.

Teorias conspiratória
Simone Tebet também partiu para o ataque ontem, ao ser questionada sobre o assunto após uma agenda de campanha em Recife:

— É um desrespeito à população brasileira numa das eleições, talvez, a mais importante, a mais difícil. Nós queremos que o eleitor não vote pelo medo, mas pela esperança e pela certeza.

Em outras ocasiões, a presidenciável pregou que o fim da eleição no primeiro turno faria mal ao país. Anteontem, em Salvador, ela chegou a dizer que tal desfecho alimentaria teorias conspiratórias a respeito das legitimidade do resultado das urnas, um dos temas frequentemente abordado por Jair Bolsonaro.

— Numa vitória no primeiro turno, se acontecesse, a diferença seria tão pequena, tão pequena, que a gente teria que enfrentar quatro anos de discussão sobre o resultado de urnas, se as urnas são seguras, de contestação — disse Tebet.

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