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Atribuição do STF e impedimento de Moraes: veja os pedidos mais frequentes dos denunciados por golpe

Mais de um terço dos acusados questionaram local para julgamento ou atuação do relator

Sessão da Primeira Turma do STF Sessão da Primeira Turma do STF  - Foto: Rosinei Coutinho/STF

A estratégia mais comum entre os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela suspeita de participação em uma trama golpista foi questionar a própria competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para analisar o caso. Dos 33 acusados que já apresentaram suas respostas à acusação, 13 defenderam que a investigação não deveria ocorrer na Corte.

O segundo pedido mais comum é a declaração de impedimento ou suspeição do relator, ministro Alexandre de Moraes, por suposta parcialidade: 12 dos investigados fizeram isso nas respostas — a conta não leva em consideração quem fez a solicitação em outro momento, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Walter Braga Netto.

Nas respostas à denúncia, também houve dez pedidos para o julgamento ocorrer no plenário, e não na Primeira Turma. Quatro dos denunciados ainda solicitaram a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

 

Todos esses argumentos foram contestados em manifestação apresentada na quinta-feira pela PGR, rebatendo as respostas à denúncia, e têm chances baixíssimas de prosperarem entre os ministros do STF.

No caso da competência da Corte, alguns dos acusados pedem o desmembramento apenas do seu caso, enquanto solicitam o envio de todo o processo para a primeira instância.

“Diante da inexistência de elementos que vinculem o denunciado às autoridades com foro no STF, e considerando a jurisprudência consolidada da própria Corte, a incompetência absoluta do Supremo é manifesta, devendo os autos ser encaminhados à primeira instância para processamento e julgamento”, alegou a defesa do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.

Essa alegação deve ser rebatida, contudo, pela conexão com outros casos que tramitam na Corte, como as ações penais dos atos golpistas do 8 de janeiro, e pela alteração recente nas regras sobre o foro privilegiado, com a determinação de que os processos criminais devem permanecer na Corte mesmo após o fim do mandato da autoridade investigado.

Também há o questionamento se a denúncia deve ser analisada na Primeira Turma, formada por cinco ministros, ou no plenário, por toda a Corte.

Desde o fim de 2023, os processos criminais passaram a ser julgados nas turmas, com exceções de poucas autoridades, incluindo o presidente da República e os comandantes das Forças Armadas.

A defesa do ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira alegou que, se for confirmado que os denunciados devem ser julgados no STF devido a seus antigos cargos, a análise deveria ser no plenário, já que Bolsonaro e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier estão entre os denunciados.

"Ainda que a Suprema Corte não detenha competência para julgar ex-presidente, ex-ministro e ex-comandante, se ainda assim, decidir por julgá-los por supostos crimes praticados no cargo e em razão do cargo, com a devida venia, competirá ao Plenário julgá-los", afirmaram os advogados de Nogueira.

O regimento do STF, contudo, prevê o julgamento em plenário para os atuais comandantes do cargo, e não para os antigos.

Já o impedimento ou suspeição de Moraes é alegado pelo fato de ele aparecer como possível vítimas dos integrantes da suposta organização criminosa, com planos de sequestro e possível assassinato.

"Além do mais, o Exmo. Ministro é citado ao menos 40 (quarenta) vezes, apenas na denúncia que chegou à sua apreciação, como suposto alvo de homicídio, o que denota necessidade do reconhecimento de sua suspeição para o julgamento do presente caso, visto que sua condição de terceiro equidistante das partes encontra-se humanamente prejudicada", alega a defesa do ex-ministro Augusto Heleno.

No ano passado, o plenário do STF rejeitou um pedido apresentado por Bolsonaro para retirar Moraes da investigação, por um argumento semelhante. Neste ano, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, negou novos pedidos da defesa do ex-presidente contra os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Isso não impediu o ex-assessor presidencial Filipe Martins e o coronel Fabricio Moreira de Bastos de também pedirem o impedimento ou suspeição de Dino e Zanin, além de Moraes.

Os dois foram além: Martins também questionou a atuação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, enquanto Bastos apresentou o mesmo pedido em relação a Barroso, Dias Toffoli e Edson Fachin.

A delação de Mauro Cid, utilizada em diversos pontos da denúncia, também foi alvo de questionamentos.

Para a defesa de Bolsonaro, um depoimento realizado em novembro de 2024, no qual Moraes afirmou que o tenente-coronel poderia ser preso se não falasse a verdade, indicaria que o acordo não foi voluntário.

“Parece óbvio que a possibilidade de prisão e de rescisão de seu acordo maculam a voluntariedade, sendo a anulação da colaboração medida que se impõe”, alegaram os advogados.

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