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CENÁRIO

Autocrítica no PT: Camilo Santana e Humberto Costa fazem advertência ao partido

Autocrítica no PT: lideranças petistas avaliam que precisam fazer uma reflexão para entender a mudança no cenário político e na comunicação com as pessoas. 

Ministro da Educação, Camilo SantanaMinistro da Educação, Camilo Santana - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Passadas as eleições municipais e a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, as principais lideranças do PT começam a exigir uma autocrítica do partido e seus dirigentes. Em entrevista ontem ao Globo, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o PT e o governo precisam fazer uma reflexão, “com humildade e tranquilidade”, principalmente no Sudeste - e particularmente em São Paulo, berço do partido -, para entender a mudança no cenário político e na comunicação com as pessoas. 

Para ele, é preciso avaliar por que parte da população, especialmente a mais empobrecida, principal beneficiária de programas sociais, não está mais votando no PT e investigar o sentimento das pessoas e quais suas atuais prioridades. Único ministro do partido a eleger um aliado em capital (Evandro Leitão, em Fortaleza), Santana disse que o PT precisa renovar os quadros. Para ele, a realidade de cada Estado é diferente e, nas capitais, há menor dependência do Estado e de políticas públicas. 

Ele atribuiu a vitória em Fortaleza aos resultados do projeto em desenvolvimento no Ceará nas áreas de educação e economia. Questionado sobre qual deve ser o norte para a construção da aliança de Lula em 2026, ele defendeu a estratégia de “unir e agregar”. 

E disse que seu “estilo é contribuir”, ao falar sobre a possibilidade de seu maior protagonismo para discutir os rumos do partido, diante da defesa de ala do PT de um nome do Nordeste para assumir o comando do partido e de comentários de que ele seria a melhor opção para suceder Lula na Presidência.

Já o senador petista Humberto Costa disse, em entrevista ao Metrópoles, que a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos é um “sinal de alerta” para a esquerda no Brasil e que a volta do republicano à Casa Branca mostra que a hipótese do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perder em eventual tentativa de reeleição em 2026 não é impossível.

“Obviamente que o resultado lá [nos EUA] tem que deixar para todos nós um sinal de alerta […]. Não que nós estejamos preocupados que Lula vá perder a eleição, não. Eu acho que isso aí seria uma avaliação muito precipitada e fora daquilo que nós estamos assistindo. Mas, sem dúvida, nós temos que nos preocupar que não é uma hipótese inteiramente descartada”, afirmou o petista.

Segundo Costa, até pouco tempo atrás Trump era considerado “uma espécie de acidente” da história, mas que sua volta ao poder depois de quatro anos mostra que a experiência com governos de direita mais radical podem virar uma realidade.

“Até bem pouco tempo o Donald Trump poderia ser considerado uma espécie de acidente na história. Mas agora, com a vitória que ele teve, com o poder do qual ele desfruta, porque ele vai ter a maioria na Câmara, a maioria no Senado, já tem a maioria dos integrantes da Suprema Corte. Então, todas as condições para fazer o governo que ele queira, como queira, ele tem hoje. Então, realmente se vê com preocupação”, disse o político.

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