Autor da facada contra Bolsonaro, Adélio Bispo é transferido para Minas
Defensoria Pública da União, que representa o agressor do ex-presidente, pedia sua transferência para unidade hospitalar, em até 60 dias
A 5ª Vara Federal Criminal de Campo Grande (MS) atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União e determinou o retorno de Adélio Bispo, autor da facada contra Bolsonaro em 2018, para tratamento em Minas Gerais. Assistido pela Defensoria, ele estava no presídio federal do Mato Grosso do Sul, onde estava encarcerado desde o ataque em Juiz de Fora. Após analisar uma série de provas, a conclusão da Polícia Federal foi que Adélio agiu sozinho.
O despacho determinou um prazo de 60 dias para que sejam tomadas as medidas necessárias para transferência de Adélio. Desde o ano passado, o algoz de Bolsonaro vivia um impasse dentro do sistema prisional. A Defensoria pediu sua transferência para uma unidade que possa trabalhar ressocialização. À época, a Justiça era contra, alegando sua periculosidade e um eventual risco de vida.
No entanto, a decisão do juiz federal Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da última quarta-feira, se baseia em resolução que instituiu a Política Antimanicomial do Poder Judiciário. De acordo com a lei, de 2001, é vetada a internação permanente de pessoas com transtornos mentais em "instituições asilares". No entanto, como não havia uma orientação clara para o sistema penitenciário, juízes se apoiavam em diferentes procedimentos.
Leia também
• O que é cisgênero? Saiba a resposta para a pergunta da PF que Bolsonaro não soube responder
• Bolsonaro não soube responder se era "cis", após questionamento da PF
Ao contrário de outros inimputáveis, que ficam ou nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTPs) ou em "alas psiquiátricas" de presídios comuns, Adélio estava em um espaço destinado a presos com problemas de saúde em geral. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afirma há tempos que Adélio Bispo é o único preso federal, de que se tem notícia, que cumpre medida socioeducativa no país.
Segundo o defensor público Welmo Rodrigues, responsável pelo caso, o preso vive atualmente em uma cela de seis metros quadrados, que só pode deixar uma vez ao dia para um banho de sol de duas horas. O autor do ataque contra Bolsonaro, no entanto, evitada a saída e também se recusava a tomar seus remédios. Adélio também não recebe com frequência a visita de seus familiares.
Teorias da conspiração
O ato de Adélio contra Bolsonaro gerou uma série de teorias, que iam desde ligações do criminoso com políticos adversários a conluios para que o crime fosse acobertado. No entanto, a conclusão da Polícia Federal de que ele agiu sozinho está amparada na análise exaustiva de imagens do ataque, de mensagens e da quebra de sigilos telefônicos e bancários de Adélio e de pessoas que pudessem ter alguma ligação com o episódio, não sendo constatado qualquer elemento que indicasse a participação de mais pessoas.
Adélio atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Já nos primeiros dias após o atentado a defesa do agressor passou a argumentar que o crime foi "fruto de uma mente atormentada e possivelmente desequilibrada" por um problema de ordem psiquiátrica.