Auxiliares de Lula aguardam reforma ministerial nos próximos dias e Nísia pode ser primeira troca
Avaliação do presidente é de que é necessário alguém mais político na Saúde; vaga está entre Alexandre Padilha e Arthur Chioro
A dança de cadeiras na Esplanada dos Ministérios deve começar nos próximos dias. Segundo um interlocutor do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende focar primeiro na agenda política para recuperar sua popularidade, que está no pior momento em seus três governos.
O pontapé inicial da reforma deve ser dado pela troca no Ministério da Saúde, comandado por Nísia Trindade.
Junto com a crise do Pix, a avaliação entre auxiliares do petista é de que os maus números das últimas pesquisas de opinião fizeram o presidente "acordar".
Ao mesmo tempo, Lula sabe que as trocas precisam feitas com bastante consciência, porque não há espaço para erro.
A avaliação do presidente é que necessário alguém mais político na Saude, que recebe 50% das emendas parlamentares.
Para o lugar de Nísia, Lula trabalha com dois nomes, Alexandre Padilha, atual titular da Secretaria de Relações Institucionais, ou Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Os dois são ex-ministros da Saúde.
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A avaliação, porém, é que Padilha tem mais chance pela experiência de congressista. Já a para SRI, o presidente estuda várias opções, o senador petista Jaques Wagner (BA), o líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE) e o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Cada um, porém, tem suas restrições.
Wagner, com 74 anos e com a família na Bahia, não teria disposição para assumir as exigências do cargo, sobretudo os problemas do governo na Câmara.
Ele prefere ficar no Senado. Por outro lado, há receio de que Guimarães, visto com um perfil muito congressista, possa entregar "tudo de mão beijada" para os parlamentares, criando um problema, por exemplo, nas discussões orçamentárias.
Isnaldo, por sua vez, é respeitado no MDB e considerado o mais governista da sigla. Contudo, o presidente pode ter resistência de colocar alguém de fora do PT no núcleo do Planalto.
É muito provável ainda que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, assuma a Secretaria-Geral da Presidência, ocupada atualmente por Márcio Macedo.
Rodrigo Pacheco
Em um segundo momento, Lula deve definir a entrada ou não do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no governo. O embarque de Pacheco é considerado importante para garantir um palanque em Minas Gerais nas eleições presidenciais de 2026, mas o xadrez para encaixá-lo na Esplanada é complexo.
Uma opção seria Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (Mdic), mas isso dependeria de uma conversa entre Lula e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que comanda a pasta. Pacheco poderia assumir ainda o Ministério da Justiça, mas, por enquanto, não há disposição de Lula em pedir o cargo ao atual ministro, Ricardo Lewandowski.
Outro problema da entrada de Pacheco no governo é que ele não resolve a demanda do PSD da Câmara por um cargo na Esplanada.
Outro Ministério que deve entrar no tabuleiro é o de Ciência, Tecnologia e Inovação, comandado por Luciana Santos. A ministra deve ir para a pasta das Mulheres, que hoje é liderado por Cida Gonçalves. Mas ainda não há definição sobre a substituta.
Na avaliação de um ministro, a pasta de Ciência e Tecnologia pode ser usada para acomodar o PSD da Câmara. Mas teria de avaliar o peso do partido na Esplanada, hoje já com três ministros.
De maneira geral, a queda de popularidade do presidente "chamuscou" todos os ministros de alguma forma, inclusive o ministro da Casa Civil, Rui Costa, embora Lula mantenha a confiança no seu auxiliar.