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APÓS FRACASSAR PLANO DE GOLPE

"Avisem a quem está há 52 dias cagando em banheiro químico e pegando chuva", pediu coronel a Cid

Mensagens estão em relatório da Polícia Federal

O coronel Jean Lawand Junior e o tenente-coronel Mauro Cid O coronel Jean Lawand Junior e o tenente-coronel Mauro Cid  - Foto: Reprodução

O conteúdo do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, traz uma série de diálogos com o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército. Em uma das declarações, após uma suposta negativa para golpe com a participação das Forças Armadas, Lawand diz que é preciso avisar " povo que está há 52 dias cagando em banheiro químico e pegando chuva”.

O comentário de Lawand é uma referência às pessoas que estavam acampadas em Brasília na frente do Quartel-General do Exército.

Em mensagem do dia 21 de dezembro, Lawand diz a Cid que "soube que não ia sair nada" e Mauro Cid responde que "infelizmente".

Lawand então diz que é preciso "avisar ao povo que está há 52 dias cagando em banheiro químico, dormindo mal e pegando chuva. Ele merece saber a verdade".

Cid responde que general Heleno "esteve aqui", e Lawand responde que ele "cumpriu o que falou que faria", sem deixar claro onde exatamente seria o local.

As conversas constam no relatório da Policia Federal com as mensagens e que teve o sigilo levantado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entenda o caso
O celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, tinha mensagens e documentos que revelam uma trama para dar um golpe de estado, afastar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e colocar o país sob intervenção militar. Segundo a reportagem da revista Veja, havia no entorno próximo do ex-presidente militares e apoiadores conspirando para tentar anular o resultado da eleição de 2022, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a revista, um dos documentos é intitulado “Forças Armadas como poder moderador”. Nele é apresentado um plano baseado numa tese controversa em que militares poderiam ser convocados para arbitrar conflitos entre os poderes.

O documento ensina uma espécie de "passo a passo" do golpe e não é o mesmo da minuta golpista encontrada com o ex-ministro Anderson Torres. Segundo o plano, Bolsonaro deveria encaminhar as supostas inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário aos comandantes das Forças Armadas. Os militares então poderiam nomear um interventor investido de poderes absolutos.

Esse interventor, na sequência, poderia fixar um prazo para o “restabelecimento da ordem constitucional”. Assim, poderia suspender decições que considerasse inconstitucionais, como a diplomação de Lula. Além disso, poderia afastar preventivamente ministros do STF como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que na época integravam o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No lugar, convocaria os substitutos, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli.

Os documentos publicados pela Veja fazem parte de um relatório de 66 páginas produzido pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal. No telefone de Mauro Cid foi encontrado ainda outro documento, onde é aventada a hipótese de decretação de estado de sítio, uma das medidas mais extremadas previstas na Constituição para situações excepcionais, como em caso de guerra.

A trama incluiu até mesmo integrantes do alto escalão das Forças Armadas, como atestam diálogos do coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército, com Mauro Cid. Após a derrota de Bolsonaro nas urnas, Lawand manteve contato frequente com Cid e cobrou, repetidamente, que fosse colocado em prática um plano golpista.

Em nota, os advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore, que defendem Cid, afirmaram que “por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo”.

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