Bancada evangélica declara apoio a Hugo Motta na disputa pelo comando da Câmara
Apoio foi selado durante jantar com deputados do grupo e com o presidente da Câmara, Arthur Lira
A Frente Parlamentar Evangélica anunciou nesta terça-feira o apoio ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), como candidato a presidente da Câmara. A decisão acontece em meio à possibilidade de a Casa aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a imunidade tributária para templos religiosos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um padrinho da candidatura de Motta e articula a aprovação da PEC para essa semana. O grupo religioso tem 219 deputados.
— Com a nossa deferência, com o nosso apoio, com o nosso diálogo permanente, (vamos trabalhar para) que as pautas de interesse da Frente (Evangélica) possam ter prioridade em uma futura gestão nossa à frente da Câmara dos Deputados — disse Motta durante o jantar com o grupo parlamentar.
O jantar contou com a participação de Motta, de Lira e do coordenador da bancada evangélica, Silas Câmara (Republicanos-PB). O senador Carlos Viana (Podemos-MG), que coordena a bancada evangélica do Senado, também esteve presente.
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No mesmo evento, Hugo Motta também disse que “tem certeza” que irá conseguir apoio de mais partidos.
Ele já tem uma aliança com PL, PT-PCdoB-PV, PP, Republicanos, MDB, PDT, PSDB-Cidadania, PSB, Podemos, Solidariedade, PRD e Rede. Esses partidos somam 385 deputados, mais que o suficiente para ser eleito em primeiro turno.
Por outro lado, PSD, que lançou Antônio Brito como candidato e União Brasil, que chegou a apresentar Elmar Nascimento como opção, ainda negociam com Motta os espaços que as legendas terão em uma eventual gestão de Motta.
O União Brasil se reuniu nesta terça-feira, mas Elmar se limitou a dizer que a “eleição é apenas em fevereiro”. Já a bancada do PSD vai se reunir amanhã para debater os cenários.
— Temos certeza que vamos avançar com mais alguns partidos, respeitando a todos, mas na certeza que a nossa candidatura é a convergência. Ao final será a candidatura que melhor oferecerá as propostas para a Câmara dos Deputados.
Perguntado sobre a possibilidade de, caso seja eleito, avançar um o projeto de lei que regulamenta as redes sociais, Motta evitou se comprometer com o tema e disse que quem define a possibilidade de votação não é o presidente da Câmara, mas a maioria dos deputados.
— Essa é uma pauta que não está agora no campo da discussão da eleição. A presidência da Câmara é uma eleição administrativa, os partidos ali estarão representados nas funções da Casa, é isso que está mais sendo discutido. A pauta não é feita única e exclusivamente pelo presidente, ela é feita pelas construção dos acordos que a Casa conseguir, vamos sempre respeitar a maioria.
Na mesma linha, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), coordenador da bancada evangélica, disse que não chegou a conversar com Motta sobre uma lista de demandas que o grupo deseja que avance na Câmara. Silas disse que não chegou a falar com o líder do Republicanos sobre projetos que dificultam a realização do aborto nos casos hoje previstos em lei. Na mesma linha de Motta, o coordenador da bancada religiosa disse que quem define a condição de votação de projetos é a maioria dos deputados.
Motta tem o apoio de partidos de esquerda, como PT, PSB, PDT e Rede, mas ao mesmo tempo tem uma aliança com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para não desagradar nenhum lado, o candidato tem buscado se equilibrar entre os interesses divergentes desses partidos.
— Todos conhecem nossas bandeiras, nós somos contra o aborto e obviamente que vamos lutar com as armas do parlamento e com o voto direto que os brasileiros nos dão direito no Congresso Nacional. Temos essa ferramenta em mãos, o presidente é consequência, tanto na pauta como na tramitação, do conjunto da Casa. O que queremos é respeito ao comportamento da Casa — declarou Silas Câmara.
Silas disse que a bancada chegou a “um denominador” com Motta.
— Essa reunião aqui hoje, que a diretoria da Frente teve com o futuro presidente Hugo Motta, foi justamente para debater esse roteiro, chegamos a um denominador, nós temos convicção de que a convivência será boa.
O deputado evangélico também elogiou a gestão de Lira e disse que Motta precisa agir na mesma linha que ele em relação ao relacionamento com o grupo.
— Nós só debatemos roteiros e procedimentos, também obviamente bandeiras que a gente tem na Frente como pontos importantes e que nesse contexto, até porque o presidente Arthur nesses quatro anos tem conduzido a Casa de forma que esses pontos são debatidos exaustivamente.