'Bandido' e 'pistoleiro': Lula e Bolsonaro rifam Roberto Jefferson no debate da Globo
Durante o programa, os dois candidatos tentaram empurrar para o lado oposto o ônus da proximidade com Jefferson
Preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no domingo (23), o ex-deputado Roberto Jefferson foi citado pelos dois candidatos à presidência durante o debate da Globo, nesta sexta-feira. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) acusaram o adversário de ter proximidade com o ex-parlamentar, que foi aliado do petista e hoje é apoiador declarado do candidato do PL.
Durante o programa, os dois candidatos tentaram empurrar para o lado oposto o ônus da proximidade com Jefferson, preso na semana passada após atirar e jogar granadas contra policiais federais. Lula foi o primeiro a citar o ex-deputado, chamando-o de “pistoleiro” de Bolsonaro:
"Ele sabe quem esconde, ele acabou de tentar esconder o Roberto Jefferson, o pistoleiro dele, o homem das armas, o homem de confiança dele. O homem que recebeu a polícia federal a tiros."
Ao abordar o tema da segurança pública, o petista afirmou que Jefferson “era o modelo de cidadão pacífico de Bolsonaro”:
"Sabe qual é o seu modelo de cidadão pacífico? O seu modelo de paz é o Jefferson armado até os dentes atirando na Polícia Federal. Aquele que é seu modelo de paz, tranquilidade e harmonia."
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Por outro lado, Bolsonaro explorou o passado de boas relações entre o petista e o ex-deputado. O presidente chamou Jefferson de “parceiro de roubalheira” de Lula e afirmou que determinou sua prisão tão logo soube do confronto com a Polícia Federal no último domingo.
"Não volte no assunto do Jefferson. Ele é teu parceiro de roubalheira, de compra de votos, esse é Roberto Jefferson", afirmou Bolsonaro."
O ex-presidente também criticou o envolvimento do ministro da Justiça, Anderson Torre, na negociação para a rendição de Jefferson. Lula afirmou ainda que se fosse um homem negro na situação do ex-deputado, o tratamento dado seria outro:
"Você mandou até seu ministro ir lá. Você mandou a Polícia Federal ir negociar, porque, se fosse um negro de uma favela, você tinha mandado matar. Agora, como foi o seu amigo Roberto Jefferson, você fez questão de ficar nervoso e dizer ‘ele é bandido’", disse Lula.
Bolsonaro, então, reforçou que o ex-deputado federal não teve atuação na sua campanha e voltou a tentar associar o ex-deputado a Lula.
"Jefferson é seu amigo de roubalheira, de compra de voto dentro do parlamento. Ele explodiu o seu partido. Roberto Jefferson deve ter boas recordações contigo, especialmente na cadeia", provocou.
Em outro momento, Bolsonaro afirmou que Lula é amigo de Jefferson. O presidente também lembrou que foi o ex-deputado que delatou o escândalo do mensalão, do qual ele próprio admitiu fazer parte:
"Ele pegava grana de você para comprar voto de deputados dentro da Câmara. Eu estava lá, eu vi a CPI. O Roberto Jefferson foi então o delator. Contou tudo, malas de dinheiro que você providenciava ao assaltar Caixa Econômica, BB, estatais, para comprar apoio parlamentar. Então, Roberto Jefferson explodiu o seu governo, o mensalão."