Blanco diz à CPI que negociou vacinas para o setor privado com Dominguetti
O coronel da reserva Marcelo Blanco disse, em sessão da CPI da Pandemia, nesta quarta-feira (4), no Senado, que só negociou a compra de vacinas da AstraZeneca com o policial militar Luiz Dominguetti para o mercado particular. Segundo ele, as conversas que teve com o representante da Davati no Brasil só ocorreram em fevereiro, um mês depois de ter deixado o Ministério da Saúde.
Blanco afirmou que pretendia a “construção de modelo de negócio no meio privado”. Renan Calheiros (MDB-AL) rebateu. Segundo o relator da CPI, a negociação de imunizantes para particulares “era uma atividade absolutamente irregular”.
Ao arir a reunião, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) informou ao coronel da reserva Marcelo Blanco seus direitos obtidos por meio de um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). A testemunha poderá silenciar-se diante de perguntas que possam incriminá-la.
Em depoimento, Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, disse nunca acompanhou representante de qualquer empresa em visitas ao ministério. "Meu intuito com Luiz Paulo Dominguetti se restringia ao desenvolvimento de um possível mercado de vacinas para o setor privado", afirmou.
Blanco diz ter ido para Ministério por indicação de outro coronel. Ao explicar como foi trabalhar no Ministério da Saúde, Marcelo Blanco informou que o nome dele foi indicado ao então ministro Eduardo Pazuello pelo coronel Franco Duarte, amigo de Blanco há mais de 35 anos. A testemunha disse ainda acreditar que sua experiência profissional contribuiu para que assumisse cargo de assessoramento na Diretoria de Logística da pasta.
Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) consideraram contraditório Marcelo Branco ter buscado contato com Ricardo Dias quando o ex-diretor já não concentrava poder de decisão sobre as vacinas.
Jantar com Roberto Dias
Segundo o coronel da reserva Marcelo Blanco, o jantar do dia 25 de fevereiro no restaurante Vasto, em Brasília, com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, não foi um encontro casual. Ele informou que soube do próprio ex-diretor de que este estaria no restaurante e sugeriu ao representante da Davati Medical Supply, Luiz Dominguetti, que se encontrava na capital, para passar no local e solicitar uma agenda no Ministério da Saúde.
De acordo com Dominguetti, teria sido nessa ocasião, o pedido de Roberto Dias de propina de US$ 1 para cada dose negociada na venda da vacina AstraZeneca ao governo.