Bloqueio do Telegram: família Bolsonaro vai perder acesso a 1,3 milhão de seguidores
Suspensão do apicativo no Brasil rompe um dos principais canais de comunicação de bolsonaristas; impacto é menor para adversários na corrida presidencial
O bloqueio do Telegram no Brasil, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, representa o rompimento de um dos principais canais de comunicação do presidente Jair Bolsonaro (PL) com seus apoiadores. Só em seu perfil oficial no aplicativo, ele conta com pouco mais de um milhão de seguidores, além dos perfis administrados por seus filhos: o senador Flávio (PL-RJ) tem 93,9 mil, o deputado federal Eduardo (União-SP) soma 53,6 mil e o vereador do Rio Carlos (Republicanos), 77,9 mil. Ao todo, a família acumula cerca de 1,3 milhão de inscritos.
O link para o canal do presidente na plataforma, inclusive, é frequentemente compartilhado em seus perfis, na tentativa de que seus seguidores em outras redes migrem para o Telegram. Desde o início deste ano, Bolsonaro publicou 23 tuítes deste tipo. No dia 16 de fevereiro, por exemplo, um post em sua conta no Twitter pedia inscrições no aplicativo russo. Segundo a publicação, lá é possível ter "acesso a ações que querem a todo custo esconder de você".
No Telegram, o presidente costuma divulgar entregas de seu governo e feitos de seus ministros, além de compartilhar publicações de seus filhos. O perfil de Flávio Bolsonaro segue a mesma linha, com diversos posts relacionados ao pai, além de provocações a adversários políticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eduardo, por sua vez, costuma explorar pautas mais ideológicas e de costumes, assim como o vereador Carlos, que adota postura mais agressiva contra os opositores do pai.
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Mas para além da família Bolsonaro, o Telegram tem papel importante na rede de apoio política de Jair. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, conta com 107 mil inscritos em seu canal, enquanto a parlamentar Bia Kicis (União-DF) soma 41 mil seguidores em seu perfil.
Outro exemplo que ressalta essa relevância é o do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos: ele usava a plataforma como alternativa desde que teve seus perfis bloqueados, no Brasil, nas outras redes sociais, como Twitter, Facebook e YouTube. No fim de fevereiro, no entanto, seus principais canais no aplicativo russo também foram suspensos e, ainda que ele tenha aberto contas reservas, perdeu grande parte de seus seguidores.
Entre os postulantes ao Planalto nas eleições deste ano, Bolsonaro é, de longe, o que mais sentirá o impacto da decisão do ministro Alexandre de Moraes. É ele o mais popular, seguido pelo ex-presidente Lula, que tem 48,5 mil inscritos. Ciro Gomes (PDT) vem em seguida, com 19,2 mil seguidores, antes do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que tem 5,3 mil. O governador de São Paulo João Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) não têm conta oficial na plataforma.
Até então, os pré-candidatos vinham utilizando seus canais para marcar território na corrida eleitoral. Entre as publicações mais recentes de Lula, estão posicionamentos sobre o aumento no preço dos combustíveis, links e vídeos de entrevistas do petista e críticas a Bolsonaro. Na mesma linha, Ciro tem divulgado suas agendas, além de memes e chamadas para suas ações de comunicação. Moro, por outro lado, não via a rede social como prioridade, já que tem volume menor de publicações — a última foi feita no dia 24 de fevereiro.