Boca de urna e assessora na folha do Ceperj: outras acusações envolvem a ministra do Turismo
Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, carrega em sua trajetória política acusações de irregularidades eleitorais
Empossada nesta terça-feira (03) à frente do Ministério do Turismo, Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, carrega em sua trajetória política acusações de irregularidades eleitorais como boca de urna, e ganhou projeção ao ser nomeada em secretaria, sob suspeita de nepotismo, na Prefeitura de Belford Roxo. No escândalo da Fundação Ceperj, que culminou em denúncia do Ministério Público Eleitoral contra o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), uma das assessoras da ministra também foi citada, antes de ser exonerada.
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Nomeada em 2017 para a Secretaria de Assistência e Cidadania de Belford Roxo, Daniela até então só havia atuado politicamente na Secretaria de Educação da Prefeitura do Rio, por conta de sua formação como pedagoga. No ano seguinte, foi eleita deputada federal pela primeira vez. A chegada ao secretariado do município da Baixada Fluminense, no entanto, se tornou alvo de reclamação ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), pois o prefeito da cidade, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, já era seu marido.
Nas eleições de 2022, Daniela foi a candidata a deputada federal mais votada no Rio, teve mais da metade de seus votos para deputada federal, em Belford Roxo, e viu sua votação crescer 56% em relação a 2018, apesar de adversários acusarem Waguinho, que segue à frente da Prefeitura, de intimidar seus opositores, dificultando a realização de comícios e atos nas ruas.
Em 2019, o prefeito chegou a ficar afastado do cargo por 40 dias, alvo da Operação Metano, realizada pelo MPRJ em conjunto com a Polícia Civil e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Segundo os promotores, ele e os outros políticos envolvidos teriam se apropriado, “como se fossem donos, das estruturas públicas municipais”.
Daniela, por sua vez, chegou a ser condenada após as eleições deste ano no Tribunal Regional Eleitoral do Rio a pagar multa por propaganda irregular, pelo derramamento de “santinhos” de campanha, ao lado do deputado estadual reeleito Márcio Canella (União), no dia da eleição, próximo a local de votação em Belford Roxo. Ela também chegou a ser investigada em outra ação semelhante, mas no município de Magé, ao lado do então candidato a deputado estadual, hoje eleito, Vinicius Cozzolino (União). As acusações já haviam se repetido em eleições anteriores.
No escândalo da “folha de pagamento secreta” da Fundação Ceperj, no estado do Rio, o nome de Daniela também apareceu associado a uma irregularidade. Uma de suas assessoras parlamentares, Iris Campos Ramalho, foi nomeada como funcionária da Ceperj em março deste ano, mesmo mês em que começou a receber da Câmara dos Deputados. A dupla remuneração não é permitida. Questionada pela reportagem do GLOBO em agosto, a deputada exonerou a funcionária de seu gabinete no mesmo dia.
As polêmicas em torno da futura ministra também incluem episódio das eleições de 2018, quando ela contou com a ajuda do miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, que fez campanha ao seu lado. Conforme mostrou O GLOBO, à época, Jura estava preso em regime semiaberto, conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na Prefeitura de Belford Roxo, comandada por Waguinho.