CCJ

Bolsonarista pauta proposta para criação de um Dia da Lembrança ao Holocausto após fala de Lula

O projeto, que tramita desde 2018 na Câmara e é de autoria dos ex-deputados Sérgio Vidal e Jorge Silva

Caroline de Toni é comandada pela deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC)Caroline de Toni é comandada pela deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC) - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), comandada pela deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), deve analisar nesta terça-feira (19) um Projeto de Lei que prevê a criação de um Dia em Memória ao Holocausto, em 16 de abril. O projeto, que tramita desde 2018 na Câmara e é de autoria dos ex-deputados Sérgio Vidal e Jorge Silva, foi pautado por De Toni em um contexto em que opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o criticam pela comparação das mortes na Faixa de Gaza com as mortes de judeus por Hitler na Segunda Guerra Mundial.

Durante viagem à Etiópia, Lula se referiu às mortes em Gaza como "genocídio" e afirmou que o acontecimento só se compara às mortes de judeus por Hitler. A declaração prejudicou as relações diplomáticas entre o governo do Brasil e de Israel e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou Lula "persona non grata" no país até que peça desculpas.

— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — afirmou Lula na ocasião.

Em sua defesa, Lula já afirmou que não usou a palavra "Holocausto" e que o termo foi parte da interpretação das autoridades israelenses.

— Primeiro que não disse a palavra Holocausto. Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel. Não foi minha. A segunda coisa é a seguinte, morte é morte — afirmou Lula em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, cuja íntegra ainda não foi divulgada.

Considerada da ala mais à direita do PL, Caroline de Toni é bolsonarista ferrenha e já pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de ser uma das parlamentares que votou contra o projeto que estabelece igualdade salarial entre mulheres e homens e de já ter os sigilos bancário e fiscal quebrados pelo STF no inquérito que apurava a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.

Na primeira sessão da CCJ presidida por ela, na semana passada, houve pela obstrução por deputados da base governista, que fizeram o uso completo dos seus tempos de pronunciamento para impedir a análise de uma série de projetos que são demandas da "bancada bala". As iniciativas eram encabeçadas por deputados que, assim como De Toni, são da oposição.

Deputados como Fernanda Melchiona (PSOL-RS), Rubens Pereira Jr (PT-MA), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Patrus Ananias (PT-MG) se dedicaram à análise de artigos do projeto que dispunha sobre a implantação de redes subterrâneas de infraestrutura básica previamente às obras de pavimentação em obras municipais, até que o requerimento fosse aprovado. Em um momento, Chico Alencar chegou a recitar versos da canção Casa no Campo, imortalizada pela voz de Elis Regina. "Eu quero uma casa no campo/Onde eu possa compor muitos rocks rurais/E tenha somente a certeza/Dos amigos do peito e nada mais.".

De Toni disse considerar "normal" a estratégia dos governistas em embarreirar a análise de projetos que agradem à direita e afirmou que a pauta será retomada nesta quarta-feira.

— Eles são de outro espectro político e agiram com moderação e dentro das regras da CCJ, faz parte do jogo. Mas, a pauta desta terça contemplou 14 partidos, entre autores e relatores de projetos. Isso mostra uma gestão democrática — disse.

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