Invasão em Brasília

Bolsonaristas deixam rastro de destruição e saques na invasão ao Congresso

Manifestantes quebraram janelas e vandalizaram o Congresso Nacional.

Bolsonaristas quebraram vidraças do Congresso Nacional, em BrasíliaBolsonaristas quebraram vidraças do Congresso Nacional, em Brasília - Foto: Ton Molina/AFP

Manifestantes quebraram janelas e vandalizaram o Congresso Nacional enquanto policiais disparavam bombas de gás lacrimogêneo: milhares de bolsonaristas semearam destruição e caos neste domingo (8) em Brasília.

No imponente edifício projetado por Oscar Niemeyer, que abriga o Senado e a Câmara dos Deputados, uma multidão vestida com as cores da bandeira brasileira subiu a rampa que dá acesso ao teto do Congresso e avançou até chegar aos gabinetes legislativos, segundo imagens divulgadas pela imprensa e testemunhadas pela AFP.

Nos vidros da fachada que permaneciam de pé, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro penduraram algumas de suas reivindicações: "Intervenção já", dirigidas aos militares.

Em outra fachada, pintaram a frase: "Destituição dos três poderes", uma referência ao Executivo, Legislativo e Judicial.

"Peço às Forças Armadas que tomem conta do poder e limpem o Congresso, façam uma faxina geral", declarou Isabella Silva, uma funcionária pública de 49 anos.

Por várias horas, a sede do Congresso Nacional parecia coberta por um manto verde e amarelo, as cores da bandeira brasileira apropriadas pelos bolsonaristas.

As imagens lembram a violenta invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, em Washington, por apoiadores do então presidente em fim de mandato Donald Trump, aliado de Bolsonaro.

Diferentemente do ataque na capital americana, que aconteceu numa quarta-feira, os edifícios governamentais invadidos em Brasília estavam sem funcionários por se tratar de um domingo.

No entanto, a invasão da capital federal tem maior envergadura, pois os bolsonaristas não se contentaram em atacar apenas o Congresso, mas também o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos arredores do Congresso, no amplo gramado cercado por prédios ministeriais, pessoas vestidas de verde e amarelo, ou com bandeiras do Brasil penduradas no pescoço, sentavam-se na grama, enquanto helicópteros da polícia voavam baixo.

Os invasores, que antes aplaudiram a chegada dos policiais da cavalaria, respondiam com insultos às bombas de gás lacrimogêneo lançadas do helicóptero das forças de segurança.

Duas viaturas da Polícia Federal que permaneceram dentro do cerco dos manifestantes foram vandalizadas e pelo menos uma foi queimada. Os bolsonaristas roubaram cassetetes usados pelos policiais.

"Voltaremos"
Uma semana após a posse de Lula para um terceiro mandato na Presidência, milhares de pessoas insatisfeitas com o resultado das urnas foram até a Esplanada dos Ministérios, onde estão concentradas as sedes dos Três Poderes.

"Nós, patriotas, fomos roubados nas urnas pelo Lula", acusa Silva, que pede uma "intervenção militar" no país.

O pedido por intervenção militar foi ouvido entre a multidão que permaneceu na cobertura do Congresso e seus arredores durante horas, apesar do desconforto proporcionado pelas bombas e gás lacrimogêneo e a chuva.

Alguns invasores estavam em família e havia idosos entre eles.

"Eu vim pela história, pelas minhas filhas", declarou Sarah Lima, engenheira de produção, acompanhada das filhas gêmeas de 19 meses, as três vestindo camisas da Seleção, um símbolo do qual o movimento bolsonarista se apropriou.

Esta mulher veio de Goianésia (cidade a 300 quilômetros de Brasília, em Goiás), para pedir uma nova apuração da eleição de 30 de outubro vencida por Lula para "mostrar se foi verdadeira ou não".

"Não reconhecemos este governo porque é ilegítimo", disse à AFP Victor Rodrigues, que como outras centenas de bolsonaristas acampou em frente ao comando do Exército em Brasília desde o fim da eleição para pedir intervenção militar e impedir a posse de Lula.

Depois de várias horas, a polícia finalmente retomou o prédio do Congresso e os manifestantes começaram uma marcha para longe da Praça dos Três Poderes, escoltados pelas forças de segurança.

Rodrigues, que deixou a família e a loja de sua propriedade "praticamente" fechada devido ao seu engajamento político, diz que não irá parar.

"A gente não retrocede, vão colocar a gente para correr mas voltaremos com toda certeza", concluiu.

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