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Atos golpistas

Bolsonaristas pressionam, mas União Brasil deve deixar Moro na suplência da CPI do 8 de janeiro

Senador de oposição quer ser titular do colegiado, mas enfrenta resistências na bancada; Alcolumbre e Soraya Thronicke devem representar partido

Sérgio Moro, senadorSérgio Moro, senador - Foto: Pedro França/Agência Senado

Mesmo com pressão interna de parlamentares bolsonaristas, o senador Sérgio Moro (União-PR) deve ficar com uma cadeira de suplente na CPI do 8 de janeiro, segundo fontes do partido. A legenda deverá deixar as titularidades no Senado para Soraya Thronicke (MS) e Davi Alcolumbre (AP), ambos com tendência a seguir a base governista.

O União é um dos poucos partidos no Congresso que abriga parlamentares de ambos os polos políticos (oposição e governo) e, a depender das suas escolhas, poderá pender a balança para um dos lados. O partido deverá ter direito a três cadeiras de titulares no colegiado (duas pelo Senado e uma pela Câmara) e igual número de suplentes.

Moro pleiteou a participação como titular e teve apoio de colegas. Os senadores Allan Rick (União-AC) e Márcio Bittar (União-AC) foram a público declarar apoio à participação do ex-juiz. Eles gravaram um vídeo para dizer que se sentem “bem representados” por Moro e que eles abrem a mão de suas indicações. No entanto, há resistências internas de uma ala que prefere manter Moro na suplência.

— Vai ser uma decisão interna do partido — disse Moro ao GLOBO.

Mesmo se for escolhido para suplente, Moro ainda pode ter direito a voto no colegiado, caso um dos titulares falte à sessão. Entre os deputados, a bancada já bateu o martelo e escolheu como titular Arthur Maia (BA), aliado de Arthur Lira (PP-AL), e forte cotado para assumir a presidência da CPMI. Já para suplência, a disputa está entre Kim Kataguiri (SP) e Felipe Francischini (PR), ambos de oposição.

O líder do União no Senado, Efraim Filho (PB), disse que a partir desta terça-feira começaria a discutir os nomes dos titulares com a bancada.

— Darei início a esses diálogos para definir as indicações — afirmou.

O desenho exato de como deve ser a divisão das cadeiras entre os partidos na CPMI ainda não foi definido e depende de uma decisão da Mesa Diretora. Há uma expectativa de que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decida ainda nesta terça-feira sobre o questionamento feito pela oposição, após manobra do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Na semana passada, Randolfe retirou seu partido do Bloco Democracia, que contava com o PSDB, Podemos, MDB, União e PDT, e passou para o Bloco Resistência Democrática, que inclui o PT, PSB e PSD. No cálculo para a divisão das vagas da CPMI, essa mudança deu uma cadeira a mais para o bloco governista e uma a menos para oposição. Caso essa mudança feita por Randolfe seja aceita, a divisão de vagas de titulares e igual número de suplentes no Senado fica da seguinte forma:

MDB: 2

União: 2

Podemos: 1

PSDB ou PDT: 1

PSD: 3

PT: 2

PSB: 1

PL: 2

PP: 1

Republicanos: 1

Os partidos ainda podem ceder uma das vagas das quais têm direito a outras siglas do seu bloco. É o que pode acontecer, por exemplo, no PL que estuda dar uma vaga de titular para o senador Eduardo Girão (Novo-CE). Líderes do Senado devem se reunir ao longo do dia com suas bancadas para definir os nomes dos participantes, mas ainda não há um prazo formal para as indicações serem oficializadas.

A vaga criada pela mudança de Randolfe deve ser essencial para o governo Lula garantir a maioria nas votações da CPI e aprovar seus pedidos de convocações e de busca de documentos. Ao todo, serão 16 senadores e 16 deputados titulares e igual número de suplentes. O voto do suplente só é válido quando o titular está ausente.

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