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Política

Bolsonaro afirma em Vitória que pode manter valor do Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023

Às vésperas da convenção que lançará sua candidatura, presidente visita Marcha para Jesus e lidera motociata

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sa / AFP

O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, ao chegar em Vitória, no Espírito Santo, que pretende manter o valor do Auxílio Brasil de R$ 600 no ano que vem, caso seja eleito nas eleições de outubro. Essa é a mesma posição do ex-presidente Lula, seu principal adversário, e de outros candidatos.

Neste sábado, Bolsonaro discursou num espaço anexo ao aeroporto. Em tom de campanha, manteve críticas ao isolamento social e exaltou feitos da sua gestão, sobretudo em relação à redução de impostos e ao combate da pobreza. O presidente disse que a narrativa de que o governo não cuida dos pobres é falsa e destacou os auxílios criados em seu governo: o Emergencial e o Brasil.

"Botamos um ponto final no Bolsa Familia, que pagava em média R$ 190, e hoje paga R$ 600. Fizemos isso dentro da responsabilidade fiscal. Entre outras coisas, não roubando. Então temos como manter esse alor para o ano que vem também", disse o presidente.

O Auxílio Brasil foi criado para substituir o Bolsa Família e paga R$ 400. A ampliação do benefício para R$ 600 foi viabilizada pela promulgação da PEC Eleitoral, que instituiu um estado de emergência para driblar as regras fiscais e eleitorais e permitir o aumento do benefício e criação de outras benesses, como auxílio a taxistas e caminhoneiros. Essa ampliação, no entanto, tem prazo de validade: até 31 de dezembro.

A emenda autorizou o governo Bolsonaro a gastar R$ 41,2 bilhões neste ano em benefícios, como o auxílio a caminhoneiros e taxistas. Até o fim do ano, a ampliação do Auxílio Brasil custará R$ 26 bilhões. Hoje, o Auxílio Brasil custa R$ 90 bilhões. Esse valor subiria para R$ 150 bilhões por ano para manter pagamentos de R$ 600. 

Integrante da equipe econômica de Jair Bolsonaro já admitiram que o Auxílio Brasil com piso de R$ 600, aprovado como temporário pelo Congresso, deve permanecer no próximo ano.

Na votação da PEC Eleitoral na Câmara dos Deputados, contudo, a base governista votou contra a emenda que previa o valor definitivo de R$ 600 para o benefício. Durante a votação, a oposição apresentou destaques, sugestões de emenda ao texto, que poderiam tornar permanente o valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil, ao retirar as menções de data e orçamento máximo para o benefício. A medida foi derrotada, porque a base governista se opôs à mudança.

Bolsonaro foi ao Espírito Santo às vésperas da convenção do PL que oficializará sua candidatura à Presidência para participar de uma motociata durante a Marcha para Jesus que ocorre na cidade. Em discurso a evangélicos, promoteu, caso reeleito, não indicar um ministro "abortista" para as duas vagas que serão abertas no Supremo Tribunal Federal em 2023.

A avaliação do presidente é de que a questão do aborto precisa ser decidida pelo parlamento, mas ponderou que uma decisão da Suprema Corte colombiana flexibilizou as restrições para o procedimento. Sobre o comportamento de ministros do STF, especulou que metade seria favorável ao aborto, mas que não há “clima” para tratar do assunto.

"Quem por ventura chegar a presidência ano que vem colocará em 2023 mais dois ministros no Supremo Tribunal Federal. Se for eu, pode ter certeza: nenhum abortista, da minha parte, será colocado dentro do Supremo Tribunal Federal. Isso está muito claro para mim", declarou Bolsonaro.

O presidente também declarou a evangélicos que se depender de "sua caneta", não haverá legalização de uso de drogas, como a maconha, no país. Durante a motociata, ele ultrapassou um semáforo vermelho sem capacete.

Mais tarde, durante um discurso feito do alto de um carro de som, Bolsonaro disse que reza para que "o povo brasileiro não experimente as dores do comunismo". O presidente também afirmou, sem mencionar Lula, que "o outro lado" quer o aborto, a ideologia de gênero e a liberação das drogas.

"Todos os dias, quando me levanto, eu repito os gestos e os pensamentos, dobro meus joelhos, elevo meu pensamento ao Senhor e peço que esse povo brasileiro não experimente as dores do comunismo", falou.

Ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o presidente buscou criticar Lula, que encabeça as pesquisas eleitorais na disputa pela Presidência.

"Peço, mais do que sabedoria, peço força para resistir e coragem para decidir. Nós aos poucos vamos sabendo o que se prepara para o nosso Brasil. Por falta de conhecimento, diz a palavra, o povo pereceu. Vocês já têm conhecimento o suficiente para saber que é uma luta do bem contra o mal. Vocês sabem, o outro lado, o que o mal quer. Quer banalizar o aborto. Quer aprovar a ideologia de gênero. Quer liberar as drogas em nosso país", justificou o presidente.

No discurso desta tarde, ele também afirmou que faria "muito mais" do que dar a vida pela pátria.

"Digo a vocês, mais uma passagem da nossa bíblia, onde se diz: 'Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna'. Juramos dar a vida pela nossa pátria, e faremos muito mais do que isso pela nossa liberdade", concluiu.

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