Bolsonaro: "Após as eleições, nenhum outro órgão de imprensa será atingido pela censura"
Presidente fez comício ao lado de Padre Kelmon e candidato ao governo de SP Tarcísio de Freitas
Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou a decisão da Justiça Eleitoral desfavorável para a emissora Jovem Pan de "censura". Ele afirmou que, caso reeleito, nenhum veículo de imprensa "será atingido pela censura". Bolsonaro deu a declaração na manhã deste sábado durante comício em Guarulhos (SP) ao lado do seu candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tenho certeza, se Deus quiser, após o dia 30 de outubro, com a nossa reeleição, a questão da liberdade se acalmará em nosso país. Haverá maior independência entre os poderes. Tenho certeza que, após as eleições, nenhum outro órgão de imprensa será atingido com censura , discursou Bolsonaro.
Nos últimos dias, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou pedidos do PT contra a emissora, determinando a retirada de conteúdos do ar e concedendo direitos de respostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na programação do veículo.
No último dia 15, o ministro do Tribunal Benedito Gonçalves também atendeu um pedido da campanha petista e abriu uma ação para investigar o presidente Bolsonaro, a Jovem Pan e o presidente da emissora, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, por suposta prática de uso indevido dos meios de comunicação. O PT acusa a empresa de favorecer o presidente e disseminar fake news.
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Apesar de ter atacado jornalistas repetidas vezes durante seu governo, Bolsonaro disse hoje que a “imprensa tem que ter liberdade, até para errar” e que “imprensa calada é o pior que pode acontecer”. Em 2020, o presidente declarou “minha vontade é encher tua boca na porrada" a um repórter do GLOBO, que o questionou sobre cheques no valor total de R$ 89 mil que teriam sido depositados entre 2011 e 2016 pelo ex-assessor Fabrício Queiroz e pela esposa dele, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Há dois anos eu venho falando a palavra liberdade. Hoje a água bateu na cintura de toda a imprensa brasileira. Não podemos deixar que isso continue. Imprensa tem que ter liberdade, até para errar. Imprensa calada é o pior que pode acontecer no Brasil. Após as eleições, nenhum outro órgão de imprensa será atingido pela censura, disse o presidente neste sábado. Houve gritos de apoiadores do mandatário em simpatia à emissora.
Bolsonaro ainda chamou Lula de “chefe de organização criminosa” na manhã deste sábado. Simultaneamente, o petista fazia um discurso em Minas Gerais e chamava o governo de "fascista". O presidente reclamou de não ter encontrado o adversário nessa sexta-feira (21), no SBT.
"Ontem cheguei para a sabatina (do SBT), já que o ladrão fugiu, o chefe de organização criminosa resolveu não comparecer... Nós nos apresentamos", discursou Bolsonaro.
O presidente também levou para o comício, feito em uma área fechada, seu ex-ministro e senador eleito Marcos Pontes (PL-SP), o candidato a presidente derrotado no primeiro turno Padre Kelmon (PTB) e os deputados federais reeleitos Celso Russomano (Republicanos) e Capitão Derrite (PL-SP). Bolsonaro subiu ao palco ao lado de crianças.
Ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio rebateu falas de Lula como a de levar “picanha” de volta para a população, caso eleito. O preço de carnes disparou nos últimos anos, dificultando o consumo da proteína.
"As pessoas vão comer picanha porque nós vamos levar emprego", declarou Tarcísio.
Apesar de ter vencido o primeiro turno no estado, com 48% contra 41% de Lula, Bolsonaro perdeu para o petista na capital paulista e em parte significativa das cidades da região metropolitana — à exceção de municípios como Guarulhos e Santo André.
Maior colégio eleitoral estadual do país, o estado de São Paulo é estratégico para o presidente tentar virar no segundo turno e conquistar a reeleição. Bolsonaro está no estado desde quinta-feira (20) e deve voltar para Brasília só na segunda-feira (24).
Locutor pede para público se espalhar
Apoiadores bolsonaristas vestidos de verde e amarelo no ato deste sábado gritaram chamando Lula de “ladrão” e atacaram o PT pelos escândalos de corrupção. Eles também rezaram um Pai Nosso para o presidente, algo comum em eventos de Bolsonaro.
O locutor do comício pediu cinco vezes para que o público se espalhasse pela casa de eventos e ocupasse locais que estavam mais vazios e dar a impressão de que havia mais gente no local. Nos últimos meses, uma disputa de narrativas tomou as redes sociais entre bolsonaristas e petista comparando imagens de eventos dos dois candidatos para tentar mensurar quem teve mais apoio nas ruas.
Ainda neste sábado, está previsto o encontro de Bolsonaro com lideranças políticas no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. O governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou voto no presidente no segundo turno, que será disputado em 30 de outubro.