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Política

Bolsonaro aposta na "moderação" para ser reeleito, diz ministro Fábio Faria

Para defender seu argumento, o ministro destacou, entre outros motivos, a falta de alternativas entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT)

Presidente Jair Bolsonaro e Presidente Jair Bolsonaro e  - Foto: Miguel Schincariol/AFP | Cléverson Oliveira/Mcom

 

O ministro das Comunicações, Fábio Faria garantiu que um Jair Bolsonaro "mais moderado" e a melhora da economia permitirão a reeleição do presidente do Brasil, apesar das pesquisas apontarem o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva como favorito.

Em entrevista à AFP, Faria afirmou que parte das pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018 e se afastaram do presidente por sua gestão da pandemia - que deixou mais de 680 mil mortos no Brasil - estão dispostos a apoiá-lo nas eleições de 2 de outubro.

Para defender seu argumento, o ministro de 44 anos destacou, entre outros motivos, a falta de alternativas entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT) e um tom mais equilibrado do presidente nas últimas semanas, após um mandato marcado por ataques às instituições e adversários.

"Esse tom mais moderado do presidente dialoga mais com essa parte do eleitorado que saiu (...) e que está analisando esse tipo de comportamento", afirmou Faria, que comanda a pasta das Comunicações desde junho de 2020.

O ministro, formado em administração e eleito quatro vezes deputado federal pelo Rio Grande do Norte, deu como exemplo o comportamento de Bolsonaro durante a entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, uma forte crítica ao seu governo, na segunda-feira. O presidente foi menos agressivo do que o habitual ao se referir à sua relação com a justiça, alvo frequente de injúrias, e manteve a calma diante de perguntas incisivas.

No entanto, Bolsonaro insistiu que irá respeitar o resultado das eleições "sempre e quando" forem "limpas e transparentes".

Urnas eletrônicas
Analistas acreditam que as repetidas acusações - sem provas - de Bolsonaro sobre a falta de confiabilidade das urnas eletrônicas, sistema adotado pelo Brasil desde 1996, poderiam ser uma estratégia para deslegitimar o resultado das eleições em caso de derrota.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a corrida eleitoral com 47% das intenções de voto, contra 32% para Bolsonaro, de acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha publicada em 18 de agosto. Outras pesquisas indicam uma vantagem menor, mas com Lula ainda na liderança.

No dia 7 de setembro, o Brasil comemorará o bicentenário de sua independência e algumas autoridades temem que manifestações de rua com proclamações golpistas ocorram, após convocação do bolsonarismo. Faria, no entanto, garantiu esperar um ato "pacífico" e ressaltou que Bolsonaro não pretende discursar.

A preocupação é que, a menos de um mês das eleições, as manifestações possam se tornar uma plataforma para desafiar a justiça, como já aconteceu no dia 7 de setembro de 2021, quando o presidente atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Espero que até lá (7 de setembro) a questão das urnas já tenha sido um assunto do passado, superado, para as pessoas irem às ruas só para mostrar apoio ao presidente e contra a volta do PT", o Partido dos Trabalhadores de Lula, afirmou Faria.

Crise global
O ministro das Comunicações, impulsionador da chegada da tecnologia 5G ao Brasil, concluiu que a resposta econômica do Executivo a um cenário de crise global pela pandemia e a guerra na Ucrânia pesará positivamente nas urnas.

Faria citou medidas como a recente redução de impostos sobre os preços dos combustíveis e o aumento de 50% no programa assistencial Auxílio Brasil - 600 reais que 20 milhões de famílias recebem -, ao mesmo tempo em que a inflação diminui após uma queda de 0,68% nos preços em julho.

"As pessoas estão começando a perceber que a crise afeta o mundo inteiro, e o Brasil está melhor do que os outros (...) A economia vai reeleger Bolsonaro", cravou.

Apesar de os indicadores apontarem para uma melhora da economia, a inflação ano a ano situou-se em 10,07% em julho, em um contexto de taxa básico de juros elevada, em 13,75%.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a população que vive na pobreza saltou de 24% para 30% entre 2014 e 2022. A fome disparou 73% desde 2020, afetando 33,1 milhões de brasileiros, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar.

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