BRASIL

Bolsonaro considera uma afronta do TSE caso fique inelegível, diz jornal

Em entrevista à Folha de S. Paulo antes do julgamento, ex-presidente disse que gostaria de "continuar ativo 100% na política"

Jair Bolsonaro, ex-presidente do BrasilJair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em meio à expectativa do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que decidirá se Jair Bolsonaro (PL) terá os direitos políticos cassados nesta quinta-feira (22), o ex-presidente disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que seria uma 'afronta' torná-lo inelegível.

"Na minha idade, [o que] gostaria de fazer, continuar ativo 100% na política. E, tirando seus direitos políticos que, no meu entender, é uma afronta isso aí, você perde um pouquinho desse gás" disse o ex-mandatário.

Questionado sobre o que espera do julgamento, no qual é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, Bolsonaro disse não estar iludido com uma decisão favorável do tribunal, mas evitou falar em possíveis sucessores.

— Com a minha idade, não vou me iludir — afirmou ao jornal. — Não gosto de falar no "se" [for declarado inelegível]. (...) A gente não pode partir dessa linha que [eu] estaria jogando a toalha.

A ação movida pelo PDT no TSE trata de uma reunião entre Bolsonaro e 72 embaixadores de países estrangeiros em julho do ano passado, ainda na pré-campanha das eleições presidenciais. No encontro, transmitido pela TV Brasil, o então presidente teceu duras críticas às urnas eletrônicas e levantou suspeitas sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro. O ex-presidente ainda pôs em xeque o resultado do pleito de 2018, no qual saiu vitorioso, afirmando que o digito 7 foi trocado pelo número 3 em algumas sessões, favorecendo o seu então adversário e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

"Qual a acusação principal contra mim? Reunião com embaixadores. Isso é crime? Dois meses antes dessa minha reunião o senhor Edson Fachin se reuniu com embaixadores também. A política externa é privativa do presidente da Republica" rebateu Bolsonaro.

O ex-presidente aproveitou a entrevista para exaltar o que considera grandes feitos do seu governo — mesmo movimento que vem fazendo nas suas redes sociais. Às vésperas do julgamento no TSE, Bolsonaro destacou em seus canais de comunicação pessoais programas voltados para áreas como saneamento básica, moradia popular e coleta seletiva.

"Eu acredito que o que eu fiz ao longo de quatro anos é algo para ser estudado. Bandeira do Brasil, o pessoal passou a respeitá-la, cantar hino nacional, aprenderam a dar valor a liberdade. Conheceram as instituições" destacou.

Apesar da incerteza em torno do resultado na Corte eleitoral, o PL, partido do ex-presidente, já tem uma agenda robusta para Bolsonaro — visto como um importante nome para angariar votos nas eleições municipais do ano que vem. Viagens, encontros com lideranças parlamentares e participação na criação de chapas e diretórios regionais estão entre os planos da legenda.

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