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Reunião ministerial

Bolsonaro convocou reunião para falar sobre urnas eletrônicas, diz aliado

"Ele pediu para eu abordar a questão do voto impresso", diz o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que relatou PEC sobre o assunto no Congresso

Jair Bolsonaro, ex-presidente do BrasilJair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Um ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) que esteve presente na reunião realizada em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, relatou que o encontro foi convocado sob o pretexto de o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) fazer uma apresentação sobre as urnas eletrônicas.

No início da reunião, investigada pela Polícia Federal e divulgada com exclusividade pela colunista Bela Megale, Bolsonaro diz que está "dando um tempo" até Filipe Barros chegar. O deputado entra na sala com cerca de 15 minutos de atraso e senta-se ao lado do general Braga Netto e próximo a Bolsonaro.

— Já chegou o Filipe Barros aqui. Então, eu convidei ele, vou fazer uma reunião quinta-feira com embaixadores, semana que vem tem mais. Vou convidar autoridades do Judiciário para outra reunião. Para mostrar o que está acontecendo — disse Bolsonaro, se referindo ao encontro com embaixadores ocorrido dias depois e no qual ele fez ataques ao sistema eleitoral.

O vídeo do encontro, que, segundo a PF, "revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo", estava no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Ao Globo, Barros disse que recebeu uma ligação do então presidente pela manhã, pedindo para que ele se dirigisse ao Palácio do Alvorada para um "conversa".

— Eu nem sabia que teria reunião. Achei que ele quisesse falar comigo em particular — disse o parlamentar. — Cheguei lá, era uma reunião com todos os ministros. Ele (Bolsonaro) pediu para eu abordar a questão do voto impresso, da urna eletrônica, aquilo que eu escrevi no meu relatório da PEC do voto impresso — completou Barros, acrescentando que falou por "pouquíssimos minutos" e sobre aquilo que já havia relatado na Proposta de Emenda à Constituição.

Mais cedo, o deputado divulgou uma nota em que ressalta ter passado "brevemente pelo encontro".

"Presidente Jair Bolsonaro pediu a todos seus ministros que reforçassem o apoio público a pautas defendidas pelo governo. Entre elas, a PEC do voto do impresso, da qual fui relator e, por estar nessa condição, passei brevemente pelo encontro – que, aliás, não aconteceu na surdina, como é praxe dos que hoje sentam no Planalto. Por poucos minutos, atualizei todos os ministros sobre o tema. A minha participação se resumiu a isso", declarou o parlamentar do PL.

Ao passar a palavra para Barros, Bolsonaro diz que o aliado está com o dele "na reta" no inquérito das fake news e diz para ele explicar a "questão técnica".

Em sua fala, Filipe Barros traz à tona o inquérito aberto pela PF para investigar um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral. A investigação sigilosa foi exposta por Bolsonaro e Filipe numa transmissão ao vivo com ataques à credibilidade das urnas eletrônicas.

O deputado diz que o servidor do TSE que teve sua senha utilizada pelo hacker não guardou os arquivos "logs", que é onde ficam registros como quem acessou o software e quando. Segundo Barros, o mesmo servidor denunciou ele e o então presidente Jair Bolsonaro pela live em que os dois vazaram dados da investigação sigilosa.

— O servidor teve sua senha utilizada pelos hackers, permitiu que fosse utilizada, deveria ter guardado o arquivo dos logs, não guardou, responde depois de sete meses (à Polícia Federal) que uma empresa apagou os logs e ainda denuncia o senhor — diz o deputado no vídeo.

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