Bolsonaro critica senador em entrevista e expõe embate no PL de Goiás; entenda
Ex-presidente afirmou, nesta quarta-feira, que definição será feita por ele e por Valdemar Costa Neto
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expôs uma crise que ocorre no diretório de seu partido em Goiás. Durante entrevista à rádio bolsonarista Auri Verde, o ex-mandatário mandou um recado para o senador e dirigente estadual da sigla, Wilder Morais.
Bolsonaro afirmou que ele e o presidente nacional, Valdemar Costa Neto, serão os responsáveis por escolher os candidatos ao Senado em todos os estados. "Wilder, não é quem você quer", pontuou.
— A gente vai lançar um candidato por estado do Brasil com o número 222. Não vai ter pechada, não vai ter cheguei na frente e sou amiguinho (...) Goiás é a mesma coisa, não é "estou na frente", não é quem o presidente de Goiás quer. Wilder, não é quem você quer. Todo estado vai passar por mim e pelo Valdemar e nós vamos indicar essas pessoas — disse Bolsonaro.
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O pano de fundo desta declaração é uma disputa interna na sigla por quem será o candidato ao Senado. Wilder Morais defende a viabilidade do deputado federal Gustavo Gayer, mas o vereador mais votado de Goiânia, Major Vitor Hugo, também está no páreo.
Também nesta quarta-feira, a comissão provisória do PL no estado foi destituída na Justiça Eleitoral. Articuladores afirmam que o movimento foi feito para incluir o ex-deputado que concorreu à prefeitura de Goiânia no ano passado, Fred Rodrigues. Há quem diga que ele irá substituir Vitor Hugo na vice-presidência.
Enquanto parte da sigla tenta rifá-lo, Vitor Hugo parece ter o apoio de Bolsonaro. Ex-deputado federal, ele era próximo ao governo federal durante o mandato do ex-presidente, com quem teria conversado por chamada de vídeo ontem.
Nos últimos meses, o vereador tem sido isolado internamente. Tudo começou quando ele articulou uma reunião entre Bolsonaro, o senador Rogério Marinho (PL-RN) e um grande aliado do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), seu vice e candidato à sucessão, Daniel Vilela (MDB).
O movimento desagradou correligionários e o diretório estadual do PL emitiu uma nota de repúdio contra o próprio filiado, acusando-o de proximidade com um adversário.
"O Partido Liberal informa que não autorizou o filiado a estabelecer diálogos com seus adversários em âmbito estadual, visto que é de conhecimento público e notório que o PL terá candidato próprio a governador nas próximas eleições", diz trecho do posicionamento, que foi compartilhado pelo possível candidato da sigla em 2026, o senador Wilder Morais.
O partido diz ainda que se trata de uma conduta individual de Major Vitor Hugo, que teria o interesse de viabilizar sua candidatura ao Senado Federal em dois anos. Após o fogo amigo, o ex-deputado veio à público criticar a postura e rebater os argumentos.
— Não foi de forma individual, (a reunião) foi autorizada e coordenada pelo presidente Bolsonaro, que é a maior autoridade política deste país, que entregou a medalha dos 3I's para ele (Daniel Vilela), que foi deputado e trabalhou na Reforma Trabalhista. Se Bolsonaro apoiar Wilder, vai ser ele e ponto. Agora dizer que é público e notório (que PL terá candidato ao governo), não é.
Rusgas com Caiado
A crise no PL ocorre em meio à ascensão de aliados do deputado federal Gustavo Gayer no comando local da sigla. Essa ala tida como mais ideológica tem pleiteado marcar posição contra o governador Ronaldo Caiado.
Em contrapartida, outros filiados têm se aproximado do comando estadual. Quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO) decidiu, em primeiro grau, pela inelegibilidade de Caiado, um deputado do PL, Daniel Agrobom, assinou nota de apoio ao governador.