Bolsonaro defende apresentador envolvido em polêmica com Spotify
Rogan, que apresenta o podcast mais ouvido no Spotify, tem sido o centro de um boicote de artistas
O presidente Jair Bolsonaro publicou uma mensagem de apoio ao apresentador americano Joe Rogan, envolvido em uma polêmica nos Estados Unidos por espalhar desinformação sobre a Covid-19. Rogan, que apresenta o podcast mais ouvido no Spotify, tem sido o centro de um boicote de artistas à plataforma em razão de diversas alegações falsas sobre vacinas e a doença.
Desde o ano passado, o apresentador já disse que a vacina seria "terapia genética" e recebeu um convidado que divulgou uma teoria conspiratória de que as pessoas estariam sendo hipnotizadas para acreditar na doença.
"Não sei o que o Joe Rogan acha de mim ou do meu governo, mas não importa. Se liberdade de expressão significa alguma coisa, significa que as pessoas devem ser livres para dizer o que elas pensam, não importa se elas concordam com discordam de nós. Fique firme. Abraços do Brasil", escreveu o presidente.
Segundo auxiliares do presidente ouvidos pelo Globo, o posicionamento de Bolsonaro ocorreu porque o preisdente e o governo têm se posicionado contra a chamada "cultura do cancelamento". Assessores destacaram que o presidente tomou a mesma atitude também com críticos brasileiros de seu governo, como o comediante Danilo Gentilli.
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Joe Rogan apresenta o podcast mais ouvido no Spotify e, em 2020, fechou um acordo multimilionário com a plataforma para divulgar seu programa apenas no aplicativo. Embora diga que não seja contra as vacinas, o apresentador fez diversas afirmações falsas sobre os imunizantes.
A polêmica fez com que a empresa perdesse mais de US$ 2 bilhões em valor na Bolsa de Valores de Nova York.
No último mês de dezembro, o apresentador Joe Rogan recebeu um convidado em seu podcast no Spotify que espalhou desinformação sobre vacinas e chegou a dizer que as pessoas estavam “hipnotizadas” para acreditar em fatos sobre a Covid-19. Após o caso, o músico Neil Young deu um ultimato e afirmou que retiraria suas músicas do serviço de streaming caso Rogan continuasse no ar, e foi justamente o que aconteceu. O artista foi seguido por outros nomes da cena musical, como Joni Mitchell e, mais recentemente, Graham Nash, cantor e guitarrista que fez parte do grupo Crosby, Stills, Nash & Young.
Em agosto do ano passado, por exemplo, disse que as vacinas da Pfizer e da Moderna seriam "terapia genética", sugerindo que vacinas como a da Pfizer, que utilizam a tecnologia mRNA, funcionariam com base em alterações genéticas, o que não é verdadeiro.
Rogan também já disse no seu programa que não recomendaria para um jovem que tomasse a vacina, assim como também espalhou a informação, falsa, de que a chance de que um jovem desenvolva miocardite, uma anomalia no coração, seria a mesma caso ele tome a vacina ou seja infectad com Covid-19. Essa informação também é falsa.
Apesar de espalhar informações falsas, Rogan angariou uma série de seguidores, alguns deles famosos. O jogador de futebol americano Aaron Rodgers, do Green Bay Packers, por exemplo, admitiu que não teria se vacinado após ouvir aos programas de Joe Rogan.