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Coronavírus

Após exame no pulmão, Bolsonaro diz que fará novo teste para coronavírus e cancela agenda

O presidente, que tem 65 anos de idade, não esclareceu a razão que o levará a fazer um novo teste nem informou se apresenta sintomas da doença

Jair Bolsonaro, presidente do BrasilJair Bolsonaro, presidente do Brasil - Foto: Isac Nóbrega / PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (6) que realizará um novo exame para detectar se contraiu o coronavírus.

"Eu vim do hospital, fiz uma chapa do pulmão, tá limpo o pulmão. Vou fazer exame do Covid agora há pouco, mas está tudo bem", disse Bolsonaro, ao chegar ao Palácio da Alvorada. As suas declarações foram transmitidas por um canal bolsonarista no YouTube

O presidente, que tem 65 anos de idade, não esclareceu a razão que o levará a fazer um novo teste. Segundo a CNN Brasil, Bolsonaro disse à emissora que está com 38ºC de febre e 96% de taxa de oxigenação no sangue. Ele afirmou ainda que está tomando hidroxicloroquina.

Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou até a publicação deste texto.

Cancelamento
Embora Bolsonaro tenha dito que ainda fará o exame, aliados do presidente disseram à reportagem que ele já fez o teste e que deve se submeter agora a uma contraprova. Segundo relataram interlocutores, Bolsonaro cancelou sua participação presencial em eventos nesta semana, entre eles a reunião do conselho de governo que tradicionalmente ocorre às terças-feiras. O presidente também relatou a aliados que deve realizar videoconferências nesta semana para evitar o risco de contágio, caso esteja contaminado.

Pessoas próximas a ele também disseram que ele apresenta sintomas leves da Covid-19 - febre baixa e tosse.

Segundo a agenda oficial do Planalto, Bolsonaro esteve nesta segunda-feira com o presidente do Inmetro, Marcos de Oliveira Junior, com o vice-presidente de assuntos de segurança da NTC&Logística, Roberto Mira, e com o secretário especial de Cultura, Mario Frias.

Ele também teve agendas com os ministros Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e José Levi (Advocacia-Geral da União).

Durante a tarde, o Palácio do Planalto recebeu um evento sobre a Lei Brasileira de Inclusão de que participaram a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O ato não chegou a constar na agenda oficial de Bolsonaro e ele não participou, mas a cerimônia ocorreu no Salão Nobre do Palácio, e o púlpito presidencial estava posicionado no local.
Eventos no Salão Nobre do Planalto sem a participação dele são incomuns.

No fim de semana, Bolsonaro teve agendas em que interagiu e se aproximou de outras pessoas. No sábado (4), viajou pela manhã para Santa Catarina para sobrevoar áreas afetadas pelo ciclone-bomba e, à tarde, compareceu a almoço de comemoração da independência americana na residência oficial da embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Na ocasião, Bolsonaro apareceu em fotos ao lado de quatro ministros e do embaixador americano, Todd Chapman. Nas imagens compartilhadas pelo presidente, os presentes não utilizavam máscara de proteção facial.

Desde o início da crise mundial do coronavírus, Bolsonaro tem dado declarações nas quais minimiza os impactos da pandemia e, ao mesmo, trata como exageradas algumas medidas tomadas no exterior e por governadores de estado no Brasil.

Nos protestos de 15 de março, por exemplo, Bolsonaro desrespeitou recomendações do Ministério da Saúde e cumprimentou apoiadores.
"Se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro", afirmou.

Depois, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, o presidente se referiu à Covid-19 como "gripezinha ou resfriadinho". No último dia 30, a Justiça derrubou decisão que obrigava Bolsonaro a usar máscara ao sair às ruas do Distrito Federal. O uso da máscara é obrigatório no DF, segundo um decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB). Bolsonaro, no entanto, já participou de diversos atos de seus apoiadores sem usar a máscara.

A decisão da 9ª Vara Federal Cível de Brasília que obrigava Bolsonaro a utilizar máscara de proteção durante a pandemia do coronavírus vale em espaços públicos e estabelecimentos, comerciais, industriais e de serviços no Distrito Federal. Foi fixada multa diária de R$ 2.000 caso ele descumprisse a decisão, assinada pelo juiz Renato Coelho Borelli.

No dia 27 de junho, o presidente viajou para Araguari (MG) sem usar máscara no rosto e causou aglomeração na beira de uma estrada.
Em vez de usar a máscara cobrindo nariz e boca, como recomendado para se evitar a propagação do coronavírus, Bolsonaro a carregava nas mãos.

Testes anteriores
O presidente teve três resultados negativos em exames para o novo coronavírus, segundo laudos entregues pela AGU (Advocacia-Geral da União) à Justiça. Os testes foram realizados nos dias 12, 17 e 18 de março e entregues ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, relator da ação em que o jornal O Estado de S. Paulo pedia para o magistrado obrigar o presidente a divulgar os exames.
Além dos discursos em que minimizou a gravidade da pandemia, Bolsonaro assinou decretos para driblar decisões estaduais e municipais e manteve contato com pessoas na rua.

Na mais recente medida contrária ao isolamento social, o presidente ampliou, nesta segunda-feira, os vetos à obrigatoriedade do uso de máscaras. O item deixa de ser obrigatório em presídios. Na sexta-feira passada (3), Bolsonaro já tinha vetado pontos do projeto de lei aprovado pelo Congresso no início de junho, entre eles a obrigatoriedade do uso de máscara em igrejas, comércios e escolas. Estabelecimentos também não precisarão mais afixar cartazes informando sobre o uso correto do equipamento de proteção.

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