JULGAMENTO NO TSE

Bolsonaro diz que "jogo não acabou" e critica ministros do TSE

"Se interferi nas eleições, tinha que ter ganho", afirmou ex-presidnete

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Silvio Ávila/AFP

Com o placar de 3 a 1 a favor de sua inelegibilidade no julgamento que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — interrompido nesta quinta-feira e previsto para terminar na sexta —, Jair Bolsonaro afirmou, horas depois da pausa na apreciação da ação pela Corte, que "o jogo não acabou". Apesar do tom esperançoso, o ex-presidente criticou o posicionamento dos ministros que, até o momento, lhe impuseram uma derrota parcial.

— Vi o resumo de alguns votos. Um falou que eu interferi no resultado das eleições. Se eu interferi, eu tinha que ter ganho. Qual interferência que eu tive na reunião com embaixadores? Pelo amor de Deus. Reunião para falar sobre sistema eleitoral é um crime capital para a política de alguém? — questionou Bolsonaro, acrescentando que, "até aqui", sente-se "completamente injustiçado".

Na tarde desta quinta-feira, o ex-presidente deixou o condomínio Vivendas da Barra, onde tem casa no Rio. Ele segue para Belo Horizonte, capital mineira, onde participará do velório de Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura durante a Ditadura Militar. Na sexta, ele retornará a Brasília, de onde deve acompanhar o desfecho no TSE.

Mais cedo, a chegada do ex-presidente ao Rio teve um breve momento acalorado envolvendo apoiadores e um crítico, em um cenário marcado pelo improviso. Enquanto concedia entrevista coletiva em um dos portões de desembarque do aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense, o Bolsonaro ouviu xingamentos de um passageiro que transitava pelo local.

Ele chegou a interromper sua fala por alguns segundos enquanto um pequeno conjunto de eleitores procurava abafar os gritos contrários ao ex-presidente. A vinda para o Rio, decidida na noite de quarta, pegou de surpresa ao menos cinco correligionários procurados pelo GLOBO, que desconheciam a viagem até as primeiras horas da manhã desta quinta.

Por conta da viagem às pressas, Bolsonaro foi recepcionado no aeroporto Santos Dumont apenas por dois deputados estaduais do PL, Alan Lopes e Anderson Moraes, e pelo amigo e assessor Waldir Ferraz.

No início de sua fala aos jornalistas, enquanto elencava realizações durante seu mandato na Presidência, Bolsonaro foi saudado aos gritos de "mito" por um transeunte. Imediatamente, outro passageiro reagiu com o grito "na cadeia", numa referência aos processos e investigações judiciais dos quais Bolsonaro é alvo, incluindo casos como o das joias árabes e o da fraude no cartão de vacina.

Na sequência, questionado sobre um eventual sucessor caso seja julgado inelegível pelo TSE, Bolsonaro afirmou que será "talvez um bom cabo eleitoral". Ele evitou demonstrar preferência por nomes como o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, e o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que contam com apoiadores dentro do PL, partido do ex-presidente.

— Se eu estiver fora do jogo, vou ser talvez um bom cabo eleitoral. Tem vários bons nomes por aí, mas acredito até o último segundo na isenção e em um julgamento justo e sem revanchismo por parte do TSE — disse Bolsonaro.

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