Bolsonaro é interrompido por "marcha fúnebre" na saída do Senado: "Pode ser um sinal"
"Saudade dos meus tempos de quartel, desse toque de corneta", disse o ex-presidente
Acusado de tentar um golpe de Estado e tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrompido no fim da tarde desta quarta-feira por uma marcha fúnebre tocada por um trompetista.
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Enquanto concedia a segunda entrevista coletiva do dia, ao deixar o Senado, Bolsonaro sorriu ao ouvir as notas musicais.
O ex-presidente falava sobre o seu futuro político e os rumos da direita. A marcha foi executada por Fabiano Trompetista, ex-candidato a deputado distrital pelo PT.
O músico diz que chegou a ser abordado pela polícia, mas, como estava na rua, em local público, seguiu tocando.
Bolsonaro encarou o episódio com bom humor e, depois de rir, disse que o som lembrava os seus tempos de militar.
— Saudade dos meus tempos de quartel, desse toque de corneta. Pode ser um sinal — disse.
Questionado sobre o seu futuro político, Bolsonaro disse não pensar em outro nome para concorrer à presidência em 2026, apesar de seguir inelegível, além de ter se tornado réu pelo STF.
— O candidato vai ser o Jair, o Messias ou o Bolsonaro, estou te dando três nomes possíveis. Não sei o porquê de eu estar inelegível. É injustiça — se esquivou.
Em relação ao projeto de lei que visa anistiar os condenados pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Bolsonaro negou que veja o texto como uma possibilidade de brecha para reverter a própria inelegibilidade.
— A prioridade é soltar aquelas pessoas, que seguem presas. O Hugo Motta (presidente da Câmara) me disse que vai colocar para votar quando tiver a maioria dos líderes favoráveis — completou.
Por unanimidade, a Primeira Turma do STF decidiu tornar Bolsonaro e outras sete pessoas réus por tentativa de golpe de Estado.
Em cerca de duas horas, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, exibiu vídeos do 8 de Janeiro e citou elementos que, em sua visão, corroboraram a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além disso, rebateu argumentos da defesa apresentados na véspera, como o envolvimento do ex-presidente na elaboração sobre uma minuta golpista.
Além de Moraes, votaram os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.