Bolsonaro e Moraes se encontram dois dias após operação da PF que mirou em aliados do presidente
Presidente e ministro do STF compareceram à posse da nova presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura
Dois dias após a operação da Polícia Federal que atingiu empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e criticada pela vice-procuradora-Geral da República, Lindôra Maria Araújo, os três se encontram na tarde desta quinta-feira (25) no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Bolsonaro, Moraes e Lindôra estiveram frente a frente durante a posse da nova presidente da Corte, Maria Thereza de Assis Moura.
A operação que mirou empresários bolsonaristas suspeitos de compartilharem mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp foi deflagrada na última terça-feira (23) e determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Os empresários alvos da operação integravam um grupo de WhatsApp no qual foi discutida a realização de um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições. As conversas virtuais foram reveladas em reportagem do site "Metrópoles".
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Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro criticou o que chamou de "agressão à liberdade de expressão".
Em publicação em suas redes sociais, Bolsonaro citou os trechos da Constituição que tratam sobre liberdade de expressão e afirmou que a agressão a ela é "típica daqueles que se dizem ESTADISTAS, mas posam ao lado de DITADORES".
- A agressão à liberdade de expressão (art. 5°, IX, e art. 220, §§ 1º e 2º, da CF) é típica daqueles que se dizem ESTADISTAS, mas posam ao lado de DITADORES, defendendo governos como os da NICARÁGUA, CUBA e VENEZUELA.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 25, 2022
- Deus, Pátria, Família e Liberdade.
- Pres. Jair Bolsonaro.
Apesar de o presidente não ter feito menção à operação, o argumento de que teria sido um atentado à liberdade de expressão tem sido utilizado por aliados para criticar a operação
Na quarta-feira, Bolsonaro já havia criticado a operação, também fazendo uma relação com a "turminha da carta pela democracia". Em tom irônico, Bolsonaro cobrou um posicionamento dos grupos que assinaram, há duas semanas, manifestos em prol da democracia.
— Somos ainda um país livre. Eu pergunto a vocês: o que aconteceu no tocante aos empresários agora? Esses oito empresários. Dois eu tenho contato com eles: Luciano Hang e Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? A gente sabe que época de campanha continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da carta pela democracia? — disse o presidente, durante evento de campanha em Betim (MG).
A operação também gerou um novo desentendimento entre a PGR e Moraes. Nesta quarta-feira, a vice-procuradora-geral da República Lindora Araújo fez críticas à atuação de Moraes no caso, por não ter aguardado um posicionamento da PGR antes de determinar as medidas cautelares. Moraes intimou a PGR na segunda-feira, quando já havia proferido a decisão da operação.
"É absolutamente inviável que medidas cautelares restritivas de direitos fundamentais, que não constituem um fim em si mesmas, sejam decretadas sem prévio pedido e mesmo sem oitiva do Ministério Público Federal. Ora, é o Parquet quem deve verificar a necessidade/utilidade das medidas cautelares, aferindo-o sob uma ótica de viabilidade para a persecução penal", diz o documento.