POLÍTICA

Bolsonaro e Zema trocam elogios em evento na Assembleia de MG: "Conte sempre com Minas, presidente"

Ex-presidente recebeu o título de cidadão mineiro

Bolsonaro, com Zema à direita, exibe título de cidadão mineiroBolsonaro, com Zema à direita, exibe título de cidadão mineiro - Foto: Luiz Santana/ALMG/divulgação

Em evento realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (28), Jair Bolsonaro e o governador do estado, Romeu Zema (Novo), trocaram elogios e acenos, em mais uma sinalização de aproximação entre os políticos. O ex-presidente recebeu o título de cidadão mineiro, concedido por Zema ainda em 2019, durante solenidade com aliados e apoiadores.

Homenageado pelos parlamentares, Bolsonaro agradeceu o título em tom leve, brincando com o governador mineiro e comparando as duas trajetórias políticas:

— Vocês estão vendo que o Zema está com uma cara de mais feliz, mais alegre. Não vou contar toda a história, mas os senhores sabem que, quando se pergunta a idade para um homem, ele responde que tem a idade da mulher que ama — disse Bolsonaro, fazendo referência a notícias da imprensa local sobre um novo namoro iniciado por Zema recentemente. — Ele é um homem que nunca esteve na política. Eu também jamais esperava ser vereador na vida, e acabei sendo eleito em 1988. Assim como o Zema não tinha a marca de político, eu também não tinha.

Os afagos foram retribuídos por Zema, com quem Bolsonaro trocou gracejos e risadas durante o evento. O governador destacou a atuação da gestão do ex-presidente junto ao Executivo de Minas Gerais no combate à pandemia da Covid-19. Ao elogiar a relação com o governo Bolsonaro, Zema se colocou à disposição do ex-presidente:

— As portas dos ministérios do governo Bolsonaro estiveram sempre abertas para os nossos pedidos. Éramos ouvidos não como quem cumpre uma obrigação, mas com a atenção de quem quer, de fato, alcançar soluções — afirmou, continuando. — Conte sempre com Minas Gerais, presidente. Vocês contem com o nosso governo.

O título recebido por Bolsonaro foi concedido por Zema, pela prerrogativa do governador, ainda em 2019. A solenidade, no entanto, só foi marcada para esta segunda-feira por pressão de 26 deputados estaduais alinhados a Zema — no entanto, nem todos os representantes que deram o aval estiveram presentes cerimônia.

Do lado de fora da Assembleia, críticos à gestão do governador estenderam cartazes com a frase "fora, Zema" e entoaram gritos de "inelegível", em alusão a Bolsonaro, condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apoiadores do ex-presidente também marcaram presença na ALMG.

A participação de Zema no evento ocorreu horas depois de o político participar de um encontro com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), na capital capixaba. No evento, que não constava na agenda oficial, os dois discutiram formas de destravar um acordo entre vítimas, mineradoras e localidades afetadas pela tragédia ambiental em Mariana, em 2015.

Após o almoço, Zema retornou a Belo Horizonte, em trajeto aéreo estimado em cerca de uma hora, apenas para comparecer à solenidade em homenagem a Jair Bolsonaro.

Estratégias para 2026
Com Bolsonaro tornado inelegível pelo TSE, nomes à direita vêm tentando viabilizar uma candidatura à Presidência da República em 2026. Nesse campo, o governador de Minas é um dos que mais busca uma aproximação com o eleitorado mais fiel ao ex-presidente — que o apoiou em posicionamentos recentes, como na defesa dos interesses do consórcio dos estados do Sul e Sudeste (Cosud), como mostrou O GLOBO.

Pouco após a condenação de Bolsonaro na Corte Eleitoral, Zema compartilhou nas redes uma frase atribuída a Benito Mussolini. A citação dizia que "quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do indivíduo". Dias depois, publicou uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos James Madison, em que afirma que a "democracia é o direito das pessoas escolherem o próprio tirano".

O governador mineiro também aposta na oposição direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Recentemente, anunciou a continuidade de escolas cívico-militares em Minas Gerais após o governo federal declarar que iria extingui-las. Ele sugeriu ainda, sem apresentar provas, que o Planalto fez "vista grossa" para o risco de depredação de prédios públicos no 8 de janeiro.

A estratégia de Zema, alinhada a falas do próprio ex-titular do Planalto, busca ampliar o campo bolsonarista no Sul e no Sudeste, em uma tentativa de apostar numa postura antissistema. A movimentação mira na busca por ocupar o espaço do ex-presidente na cena política.

Em outra frente, Zema vem, desde o começo da gestão, modulando o discurso e dando mais espaço na gestão ao setor de Comunicação, para alavancar a propaganda positiva de ações tocadas pelo Palácio Tiradentes, postura criticada pela oposição no estado. Ele também vem, nos últimos anos, ampliando o fluxo de recursos destinados para a área, enquanto atua junto ao Ministério das Comunicações para pedir a expansão do alcance da Rede Minas, emissora estatal.

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