Bolsonaro evita responder se aceitará derrota e diz apenas que espera "eleições limpas"
Presidente disse que ministro Alexandre de Moraes é "totalmente parcial" para assumir o TSE
O presidente Jair Bolsonaro não respondeu nesta quinta-feira (26) se aceitará o resultado das urnas nas eleições deste ano, caso ele não seja reeleito. Questionado por jornalistas, ele apenas disse que "espera eleições limpas".
Democraticamente, eu espero eleições limpas - afirmou.
Bolsonaro deu as declarações na saída da Capela São Pedro Nolasco, na Vila Telebrasília, onde, segundo O Globo apurou, gravou a participação na propaganda partidária do PL, seu partido.
O presidente também foi questionado se confia nas urnas, mas disse que isso era "resposta para outro dia". O presidente tem intensificado os ataques ao sistema eleitoral e tem dado seguidas declarações levantando suspeitas sobre a confiabilidade no sistema. No início do mês, por exemplo, afirmou que o PL contrataria uma empresa para fazer uma auditoria nas eleições deste ano. Como mostrou a colunista do Globo Malu Gaspar, a declaração causou desconforto dentro do partido.
— Estamos fazendo o possível, as Forças Armadas são confiáveis. Não apenas as Forças Armadas, a PF também faz parte do convite para integrar a comissão de transparência eleitoral, o TCU faz parte disso. Temos conversado — afirmou Bolsonaro nesta quinta-feira.
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A participação das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) tem sido usada por Bolsonaro para levantar suspeitas, sem provas, sobre a segurança das urnas eletrônicas. A insistência no assunto fez com que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, subisse o tom. Ele afirmou que a Justiça Eleitoral está "aberta a ouvir, mas jamais se curvará a quem quer que seja" e que "quem trata de eleições são forças desarmadas". O ministro também afirmou que “quem duvida do processo eleitoral é porque não confia na democracia” e que “quem defende ou incita a intervenção militar está praticando ato de afronta à Constituição e à democracia''.
Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos, o presidente tentará a reeleição, e busca com os ataques ao STF e às urnas mobilizar os seus apoiadores mais fiéis.
Fachin comandará o TSE até agosto, às vésperas das eleições. Em seu lugar, assumirá o Tribunal o ministro Alexandre de Moraes, alvo de críticas e ataques do presidente da República. O ministro conduz inquéritos na Corte que têm entre os alvos o presidente. Nesta quinta-feira, Bolsonaro foi questionado se achava afirmou que o ministro era parcial para assumir a Corte, e respondeu: "Totalmente parcial" .
Totalmente parcial, não tenho dúvida disso. Os próprios atos dele bem demonstram. Você não vê um ataque meu - disse.
Bolsonaro apresentou uma ação no STF contra o ministro Alexandre de Moraes por abuso de autoridade. O presidente afirmou que o ministro teria realizado “sucessivos ataques à democracia, desrespeito à Constituição e desprezo aos direitos e garantias fundamentais”.
A notícia-crime foi encaminhada ao ministro Luiz Fux, presidente da Suprema Corte, e enumerava cinco justificativas que, na avaliação do presidente, fundamentavam a ação contra o ministro. Entre elas, Bolsonaro citou a “injustificada investigação no inquérito das Fake News, quer pelo seu exagerado prazo, quer pela ausência de fato ilícito”. O inquérito é conduzido por Moraes e Bolsonaro é um dos investigados.
A ação também pontuou que mesmo após a PF ter concluído que o presidente da República não teria cometido crime em sua live sobre as urnas eletrônicas, Moraes “insiste em mantê-lo como investigado”. No ano passado, Bolsonaro realizou uma live para promover teorias da conspiração contra a segurança das urnas eletrônicas.
Na ocasião, ele divulgou nas redes sociais a íntegra de um inquérito da Polícia Federal que apurou suposto ataque às urnas em 2018, que não representou risco às eleições. A publicação resultou em uma nova investigação contra o presidente por suposto vazamento de dados sigilosos.
A ação não durou um dia no STF. Nesta quarta-feira, o ministro Dias Toffoli negou a notícia-crime com o argumento de que os fatos descritos na ação não trazem indícios de possíveis delitos cometidos por Moraes. No mesmo dia, Bolsonaro entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Moraes.